terça-feira, janeiro 27, 2009

Cerveja

Este tema deveria ser melhor elaborado por mim. Merece muito mais que estas poucas linhas que coloco aqui agora. Quem sabe depois, a gente fala mais a respeito. Tem gente que entende muito mais que eu e poderia contribuir.

Mas quem agora contribui é um mestre das escritas. Um norte-americano exímio nas artes das letras góticas, falando sobre morte, horror e outras coisas estranhas e não muito agradáveis.

Eu não conhecia essa parte suave de Edgar Allan Poe. No entanto, falar de uma coisa tão inerente à alma faz sentido a um poeta do seu quilate.

Linhas Sobre a Cerveja

Edgar Allan Poe

Cheio de espuma e âmbar misturados
Esvaziarei este copo novamente
Visões as mais hilariantes embarafustam
Pela alcova de meu cérebro

Pensamentos os mais curiosos fantasias as mais extravagantes
Ganham vida e se dissipam;
O que me importa o passar das horas?
Hoje estou tomando cerveja.





domingo, janeiro 25, 2009

Bola de Gude

O mundo é pequeno,
Bem pequeno.
Cabe na palma da mão
E assim, azul,
Que nem bolinha de gude
É a transparência da ilusão
De quem se ilude
Com a vastidão
Que os olhos não compreendem.

Bem pequeno,
Bem pequeno esse mundo
Que rola pela infância
Que nem bolinha de gude,
É a clara substância
De vidro azul;
É a fragilidade ao cair
E a possibilidade de sair
Por esta esfera
E numa esquina,
Com pouca espera,
Vir a ter a sina
De olhar para um rosto perdido
Num outro lado do vidro
Desta bolinha de gude.

domingo, janeiro 18, 2009

Sem título

O tempo.
A nuvem.
O vento
a lufar.
O lugar.

O tempo.
O vento.
O olhar.
Turvo.


quinta-feira, janeiro 15, 2009

23h 46min

À noite
A elétrica poesia
Desafia
A tétrica apatia
Do dia

terça-feira, janeiro 13, 2009

E o tempo?

Recebi da Tê Degani um texto interessante sobre o tempo. Fala sobre aquela sensação de que quanto mais velhos ficamos, mais aparenta que o tempo passa mais depressa. O texto diz que é isso mesmo. Quanto mais experientes ficamos, menos precisamos ficar digerindo as coisas. Aí, no texto, Airton Luiz Mendonça diz que pra isso ser reduzido, devemos procurar fazer coisas diferentes, novas. Coisas que nos façam sentir novos e aprendizes. Afinal, como dizia o velho grego, tudo que sei é que nada sei.
Por coincidência, me deparei com este poema do Drummond que trata do tema “tempo”. Não sei explicar, mas isso sistematicamente acontece... Alguns assuntos se apresentam a mim por mais de uma fonte. Não resisti. Juntei os dois temas, as duas coisas, os dois sentimentos. Pense o que você quiser. Sinta o que você puder.

O tempo passa?
Carlos Drummond de Andrade

Não passa no abismo do coração
lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar
O meu tempo e o teu
transcendem qualquer medida.

Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
Pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.

sábado, janeiro 10, 2009

Trêmulo fio

Outro dia aqui acabei recebendo um comentário elogiando um poema meu. Dizia que lembrava Cecília Meireles. Meu ego-poeta se inflou todo. Então, segue aí um pouco dela, que realmente, é maravilhosa.

Fio
Cecília Meireles

No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.

Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.

Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão…

— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?

sábado, janeiro 03, 2009

Mi casa, su casa

Poucos de nós têm o privilégio de saber exatamente o que está fazendo aqui. Chegamos neste cisquinho chamado Terra, respiramos seu ar, pisamos em seu silte, nos banhamos em seu mar, admiramos sua Lua. Circulamos tantas e tantas vezes em volta de seu eixo que nem nos damos mais conta do que é isso. Nem percebemos que a cada volta, um pedacinho de nós se vai. Quando comecei a entender o que era o movimento de rotação da Terra, imaginei-me levantando a cabeça e sentindo o vento nos meus cabelos. Como se estivesse num brinquedo de um parque de diversões. Abrindo um sorriso digno de uma criança.

Essa é a minha casa. Essa é a sua casa. Vai chegar um dia que me tornarei pó e ao pó voltarei. Me juntarei ao seu pó. Serei a mesma terra que entrou pelos dedos dos meus pés. Serei a mesma areia que se sujou com o sangue do meu nariz. Serei a mesma argila das margens dos rios que conheci com meu pai. Serei pedra, como tão pouco fui. Esta é a minha casa e olhando as imagens, ouvindo a música, já fiquei com saudades dela.