segunda-feira, junho 28, 2010

Highlanders da Copa

Num filme dos anos 80 chamado “Highlander, O Guerreiro Imortal”, Christopher Lambert fazia um guerreiro escocês do século XVI, que era imortal. Ele ia encontrando outros highlanders, lutava com eles e a cada cabeça cortada a força do oponente morto era captada pelo vencedor, que o tornava mais forte e preparado para novos encontros fatais.

Estive pensando nisso nessas chaves da Copa. Alemanha eliminou Inglaterra. Passou sua teutônica espada no nobre pescoço britânico. Será que ela captou para si as forças clássicas da esquadra da ilha do Mar do Norte? Agora é a Argentina. Se ganhar da Argentina, ficará com as forças dos hermanos? E se for o contrário? A Argentina levará adiante todas essas forças?

Se fosse assim, o Brasil estaria perdido... Vai pegando alguns fraquinhos e topando com feras cheias de forças pela frente. Tomara que este post seja apenas pra lembrar da música do Queen...




quarta-feira, junho 23, 2010

Noite de São João

Noite de São João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de São João.
Porque há São João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.

Fernando Pessoa

terça-feira, junho 22, 2010

Alguém amou

Alguém amou e, amando, encontrou-se.
Quantos não há, porém, que amam para se perderem.
Que seria da razão e do bom senso,
se não houvesse a loucura?
Que seria do prazer dos sentidos,
se por trás dele não estivesse a morte?
Que seria do amor
sem o eterno e mortal antagonismo dos sexos?

Herman Hesse

sábado, junho 19, 2010

Ouvir estrelas

Mais uma do Bilac, atendendo a uma sugestão...

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Olavo Bilac

Enquanto isso, na British Petroleum

quinta-feira, junho 17, 2010

Volpi - 4

Estrambote Melancólico

Tenho saudade de mim mesmo,
saudade sob aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha alta ausência em meu redor.

Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, junho 11, 2010

Discurso

E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Cecília Meireles

sábado, junho 05, 2010

Meu ambiente

Em Janeiro de 2009 postei aqui um vídeo com uma música maravilhosa do Pink Floyd. Hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente e muito dele, desse meio em que vivemos, vem sendo destruído por nós mesmos, moradores e passageiros.

Ao ver esse vídeo senti o quanto somos frágeis e logo iremos nos tornar pó. Do pó viemos, ao pó voltaremos. Aqui, um pedacinho do texto que escrevi naquele Janeiro:

"Essa é a minha casa. Essa é a sua casa. Vai chegar um dia que me tornarei pó e ao pó voltarei. Me juntarei ao seu pó. Serei a mesma terra que entrou pelos dedos dos meus pés. Serei a mesma areia que se sujou com o sangue do meu nariz. Serei a mesma argila das margens dos rios que conheci com meu pai. Serei pedra, como tão pouco fui. Esta é a minha casa e olhando as imagens, ouvindo a música, já fiquei com saudades dela."



Cada qual tem o seu álcool

Cada qual tem o seu álcool.
Tenho álcool bastante em existir.
Bêbado de me sentir, vagueio e ando certo.
Se são horas, recolho ao escritório como qualquer outro.
Se não são horas, vou até ao rio fitar ao rio, como qualquer outro.
Sou igual.
E por detrás de isso, céu meu, constelo-me às escondidas e tenho o meu infinito.

Fernando Pessoa

quinta-feira, junho 03, 2010