sábado, março 28, 2009

Mar em Luz, Dias de Sol

Mar em luz, dias de Sol
Vida leve dos sonhos azuis
Que viajam nas noites de estrelas
Do Sul até o Céu

Olhos que veem
A alma nos olhos
Mãos que tremem
De pura emoção

Mar em luz, dias de Sol
Entram nos olhos
Permanecem no peito
Vivem no coração


sexta-feira, março 27, 2009

Esquivo

Carlos Drummond sempre foi essencial nas minhas escritas. E não foi só nelas. Exerci minhas tentativas de evoluir, seja na poesia, seja na arte de viver, observando esse cara fora de qualquer parâmetro de comparação.
Drummond até hoje é um enigma para mim. Um funcionário público, absolutamente tímido e circunspecto, mas que soube falar da alma e do coração como pouquíssimos seres souberam. Há quem diga que ele amou além das fronteiras a que esteve restrito. Só pode ser.
Separei uma parte de um poema dele, propositalmente é claro. Quero destacar mesmo essa parte. Quem quiser ler o poema inteiro terá que pesquisar. É uma boa maneira de partir para conhecê-lo.

Trecho de “Viver não dói”
Carlos Drummond de Andrade

(...)
A cada dia que vivo,
Mais me convenço de que
O desperdício da vida
Está no amor que não damos,
Nas forças que não usamos,
Na prudência egoísta que nada arrisca,
E que, esquivando-nos do sofrimento,
Perdemos também a felicidade.
(...)

quinta-feira, março 26, 2009

Sonhos não envelhecem

Fui criado em volta de uma esquina formada pela Princesa Isabel e Santos Dumont. Tive sonhos ali, compartilhei esperanças ali. Fiz amigos ali, tenho saudades dali. Mas foi num tempo já de faculdade que me entranhei nessa música. Ou talvez um pouco antes.
Vez por outra volto nela pra beber um pouco de juventude, de sonhos, de esperanças. E não há escapatória: quando passo pelos versos “Porque se chamavam homens/ Também se chamavam sonhos” sua poesia me pega de jeito.
Essa é uma das músicas mais lindas que pude ter o privilégio de ouvir e de certa forma nunca deixará de ser meu hino.

Clube da Esquina nº 2
(Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges)



Porque se chamava moço
também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço...

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogêneos
Ficam calmos, calmos...

E lá se vai mais um dia...

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio, rio...

E lá se vai mais um dia...

E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente...



sábado, março 21, 2009

Quando o desespero pelo mundo cresce em mim

Quando o desespero pelo mundo cresce em mim
Tenho que me deitar onde ficam os patos
Na beleza das águas onde as garças se alimentam.
Tenho que ir à paz das coisas selvagens

Que não impõe à vida a antecipação da tristeza.
Fico diante da água serena.
Sinto as estrelas esperando a noite acima de mim.
Por um instante descanso na paz do mundo e fico livre

William Blake

sexta-feira, março 13, 2009

Fundo

sobre o pescoço
pensa a cabeça
sobre o fundo do poço
antes que ele apareça

de ponta
ponta cabeça
apronta
o mergulho
para o fundo bem fundo
de qualquer orgulho

esmagada cabeça
ensangüentada na peça
de pedra
e o caldo espesso
ainda cheirando à vida
esparramando-se
como uma lesma ávida
de vida
a rastejar sobre o fio
de uma navalha
para a morte


quinta-feira, março 05, 2009

Ver-te

Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo
É tudo serem para mim estradas largas
Estradas onde passa o sol poente

É o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
Se o tempo existe se existiu alguma vez
E nem mesmo meço a devastação do meu passado.

Ruy Belo