domingo, novembro 28, 2010

Sonho do Poeta

Quem dera fosse meu
o poema de amor definitivo
Se amar fosse o bastante
poder eu poderia
pudera, às vezes,
parece ser esse
meu único destino

Mas vem o vento e leva
as palavras que digo minha canção de amigo. Um sonho de poeta
não vale o instante vivo.

Pode que muita gente
veja no que escrevo
tudo que sente
e vibre, e chore e ria como eu, antigamente, quando não sabia
que não há um verso, amor,
que te contente.

Alice Ruiz

Soneto LXII, Cem sonetos de amor

Ai de mim, aí de nós, bem-amada,
Só quisemos apenas amor, amar-nos,
E entre tantas dores se dispôs
Somente a nós dois ser malferidos.

Quisemos o tu e o eu para nós,
O tu do beijo, o eu do pão secreto,
E assim era tudo, eternamente simples,
Até que o ódio entrou pela janela.

Odeiam os que não amaram nosso amor,
Nem outro nenhum amor, desventurados
Como as cadeiras de um salão perdido,

Até que em cinza se enredaram
E o rosto ameaçante que tiveram
Se apagou no crepúsculo apagado.

Pablo Neruda

sexta-feira, novembro 26, 2010

PaulinBrazil - 3

Ainda não voltei ao meu normal. Ainda estou envolvido pelo clima daquelas 70.000 pessoas que se juntaram pra celebrar um momento único. Compartilhar com o grande Júnior Degani, com minha idolatrada irmã Marelena Degani, mais o Thiago, a Márcia e o sensacional Bruninho foi algo inesquecível.









A rosa desfolhada

Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa

Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado
Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado

E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado

Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia

Do fato consumado
Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada

Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos

A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada

Vinicius de Moraes

sábado, novembro 20, 2010

PaulinBrazil - 2

Saindo pra São Paulo.


Dá a surpresa de ser

Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Alvaro de Campos

PaulinBrazil -1

Eu e o Júnior ainda não estamos acreditando. Mas daqui umas horas estaremos indo numa epopéia que com certeza não esqueceremos.

Amor e Medo

Estou te amando e não percebo,
porque, certo, tenho medo.
Estou te amando, sim, concedo,
mas te amando tanto
que nem a mim mesmo
revelo este segredo.

Affonso Romano de Sant´Anna

Imagem


Tão brando é o movimento
das estrelas, da lua,
das nuvens e do vento,
que se desenha a tua
face no firmamento.

Desenha-se tão pura
como nunca a tiveste,
nem nenhuma criatura.
Pois é sombra celeste
da terrena aventura.

Como um cristal se aquieta
minha vida no sono,
venturosa e completa.
E teu rosto aprisiono
em grave luz secreta.

Teu silêncio em meu peito
de tal maneira existe,
reconhecido e aceito,
que chego a ficar triste
de vê-lo tão perfeito.

E não pergunto nada.
Espero que amanheça,
e a cor da madrugada
pouse na tua cabeça
uma rosa encarnada.

Cecilia Meireles

O Homem e a água

Deixa-me ser o que sou,
o que sempre fui,
um rio que vai fluindo.

E o meu destino é seguir… seguir para o mar.
O mar onde tudo recomeça…
Onde tudo se refaz…

Mário Quintana

sexta-feira, novembro 19, 2010

Felicidade e alegria

A Mara Degani, que é uma pessoa fora dos padrões, que apesar (e sobretudo) de todo o aparato profissional que uma psicanalista traz consigo, é uma profunda conhecedora da alma humana (além de ser a mulher do Júnior Degani, que apenas por isso, já a faz uma profunda conhecedora da alma humana rsrs...), me enviou esse texto do Contardo Calligaris. O texto além de muito bem escrito, cita dois filmes que eu particularmente adoro e regularmente assisto novamente. Já perdi a conta das vezes que os assisti. Por isso, acho que é bom que os assista para entender também o que o Contardo diz no texto.

Nos últimos tempos, tenho pensado muito sobre felicidade e alegria. E sempre acabo num beco. Sem saída, claro. Outro dia li um texto que o Luciano Araújo repassou no twitter que também fala sobre essa coisa de precisar de elementos exógenos para ser feliz.

E a pergunta permanece: o que é ser feliz?


Felicidade e alegria
Cotardo Calligaris - Folha de SP 18/11/2010

Quando eu era criança ou adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja, autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz.

Contrariando essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor. Por sorte, meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados; graças a esse silêncio dos meus pais, pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a infância era o único tempo feliz da vida deviam ser, fundamentalmente, hipócritas; com isso, evitei uma depressão profunda pois, uma vez que a infância e a adolescência, que eu estava vivendo, não eram paraíso algum (nunca são), qual esperança me sobraria se eu acreditasse que a vida adulta seria fundamentalmente uma decepção?

Cheguei à conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: quando a gente é criança ou adolescente, a felicidade é algo que será possível no futuro, na idade adulta; quando a gente é adulto, a felicidade é algo que já se foi: a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como épocas felizes. Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de uma outra época da vida -que ainda não chegou ou que já passou.

No filme de Arnaldo Jabor, "A Suprema Felicidade", que está em cartaz atualmente, o avô (extraordinário Marco Nanini) confia ao neto que a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre. Claro, concordo com o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a felicidade. Então, o que é a alegria?

Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na tristeza ou no luto, da mesma forma que, uma vez que somos obrigados a sentar à mesa diante de pratos que não são nossos preferidos ou dos quais não gostamos, é melhor saboreá-los do que tragá-los com pressa e sem mastigar. Melhor, digo, porque a riqueza da experiência compensa seu caráter eventualmente penoso. Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível sobretudo no exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou para nós mesmos. Alguém perguntará: é reconhecível como?

Pois é, para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um encanto que justifica a vida. Tento explicar melhor. Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte. Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime (descobri a penicilina, solucionei o problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso). Para justificar a vida, bastam as experiências (agradáveis ou não) que a vida nos proporciona, à condição que a gente se autorize a vivê-las plenamente.

Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é. É óbvio que não consegui explicar o que são a alegria e o encanto da vida. Talvez eles possam apenas ser mostrados: procure-os em "Amarcord" (1973), de Federico Fellini, em "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" (2003), de Tim Burton ou no filme de Jabor. "A Suprema Felicidade" me comoveu por isto, por ter a sabedoria terna de quem vive com alegria e, portanto, no encantamento.

Segundo Max Weber (1864-1920), a racionalidade do mundo industrial teria acabado com o encanto do mundo. Ultimamente, bruxos, vampiros, lobisomens, deuses e espíritos andam por aí (e pelas telas de cinema); aparentemente, eles nos ajudam a reencantar o mundo. Ótimo, mas, para reencantar o mundo, não precisamos de intervenções sobrenaturais. Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Capítulos

"Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora."

William Shakespeare

Contágio

segunda-feira, novembro 15, 2010

Uma pequena folha


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda

É assim que te quero

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nossos lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

Solidariedade

Você está bêbado quando começa a sentir solidariedade e não consegue pronunciar esta palavra.

Millor Fernandes

Afinal, o que querem as mulheres?

Adorei um texto que li de um blog que sigo. Deixo aqui o link pra ele, mas quis publicar também o texto no meu. Acho que a Carol Marques não vai se importar...

Enfim, essa série da Globo me inspirou.

Afinal, o que querem as mulheres? Afinal, o que nós queremos? Afinal, o que eu quero? Afinal, nem elas sabem, nem a gente sabe, nem eu sei.

Eu quero ser independente de marido, que ele cuide do seu dinheiro e eu do meu, mas ele bem que podia sustentar a casa e ser super rico, afinal, eu quero é ser madame.

Eu quero ter o cabelo liso, a pele lisa, a barriga lisa, mas não cai nada bem uma mulher totalmente lisa, sem uma carne, sem ondas pelo cabelo e sem uma celulitezinha ali no canto, afinal, eu quero é ser gostosa naturalmente.

Eu quero ser totalmente fiel ao meu marido, ser honesta dentro e fora de casa, falar pra todo mundo que eu nunca traí ninguém, mas é tão emocionante flertar com o diretor do colégio das crianças, contar do beijo roubado do vizinho pras amigas, afinal, eu quero é ser livre.

Eu quero engravidar, ser uma boa mãe, viver para meus filhos até chegar o momento de cada um deles seguir a vida longe de mim, mas engravidar faz o peito cair, faz a barriga ter estria e se for parto normal vai me deixar larga, afinal, mulher que é mulher não precisa ter filhos, basta ser gostosa eternamente.

Eu quero casar, morar com o amor da minha vida e ser feliz para sempre, mas ser solteira é tão bom, não dar satisfação é ótimo, afinal, variar de homem faz parte do instinto feminino.

Eu quero ser lésbica, ficar só com mulheres, chega de homens peludos, mas esses homens peludos até que são ótimos amantes, afinal, pode ser peludo, desde que entre gostoso.

Eu quero fazer sexo anal, falar para as amigas que é o máximo, que eu consigo, que não tem problema e que é tudo preconceito, mas se bem que pode ficar só na frente mesmo, afinal quem dá o cu é quem tem próstata pra sentir prazer.

Eu quero tudo, quero fazer de tudo, viver de tudo, comer de tudo, cheirar de tudo e ouvir de tudo, mas acho que o jeito é ficar quieta em casa mesmo, afinal, tudo que eu quero é: nada.

Modigliani - 5

quinta-feira, novembro 11, 2010

Holo

Quem se lembra da mensagem holográfica da Princesa Lea em Star Wars?



Os japoneses saíram na frente...



PaulinBrazil

Paul chegando...


quarta-feira, novembro 10, 2010

Modigliani - 4

Navegar

Fiz de minha vida um navio
E dos meus sonhos fundo mar
Lancei meu navio na água
E deixei o vento levar.

A brisa que sopra mansa
Acalenta as ondas do mar
E por mais que ele balance
Seu controle há de voltar.

Voltar para as mãos seguras
Que norteiam o meu navegar
A seguir os caminhos às escuras
Sob a auréola do doce luar.

E a luz que o iluminar
Com o brilho do amanhecer
Certamente vai me mostrar
As espumas do meu viver.

Mas se um dia um recife aflorar
à frente desse navio
Não sei se vou suportar
Traçar mais esse desvio.

Cansei-me de navegar, cansei-me de tanto sofrer.
Se é pra viver nessa mágoa
Prefiro,em vez de aportar,
Abrir com as minhas mãos a água
Pra ver o meu navio naufragar.


Cecília Meireles

domingo, novembro 07, 2010

Senna da Silva

Ele estaria hoje com 50 anos, mas alguma coisa no destino fez que ele não estivesse aqui agora. Mas o que ele deixou escrito nos corações dos brasileiros e de todos os amantes do automobilismo pelo mundo não se apagará.

Num domingo desse, com Interlagos e tudo, não dá pra não lembrar do cara. Ele não era. Senna é o cara. 10 motivos pra dizer isso.

Modigliani - 3

sábado, novembro 06, 2010

Espreita


Palavras que saiam daqui
Não farão o que de certo seria
Imagens que apareçam ali
Não dirão o que eu queria

Enfoques diversos
Dispersos olhares
Milhares de toques
Interessantíssimos

Mas e assim
De um talvez
Ou de um sim
O quer vi ou que não
A certeza ou o senão
De uma vez ou não
Devagar ou de sopetão
Virão a mim
Devagar
Ao vagar das nuvens
Ao apagar do Sol
Ao raiar do dia

Cântico

(...)
Oh, deixa-me brincar, que te amo tanto
Que se não brinco, choro, e desse pranto
Desse pranto sem dor, que é o único amigo
Das horas más em que não estás comigo.

Vinícius de Moraes, em um trechinho de Cântico

Quando eu tiver setenta anos

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades

de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

Paulo Leminski

Modigliani - 2

quinta-feira, novembro 04, 2010

Bruno Bething do Ulisses Bething

Há muitos anos tínhamos uma turma. Ainda tenho várias. Mas há muitos anos a turma era feita de Super Heróis. Tinha o Homem de Ferro (aliás, dois da turma disputavam quem seria ele). Tinha Thor e tinha Capitão América. Ulisses era o Thor (se não me falha a memória que insiste em viajar...). Ulisses Bething morava em Uberlândia porque seu pai veio construir a Estação Ferroviária. Ulisses é sim sobrinho do Joelmir. Ulisses é um amigo que foi embora (afinal, a Estação Ferroviária ficou pronta...), mas ficou na lembrança dos amigos daqui. Do Júnior, do Keller, do Kenner, do Zezé e de quem compartilhou de sua presença.

Ulisses voltou por aqui uma vez, mas isso faz tempo. Ulisses se tornou um arquiteto, artista que sempre foi. Eu me tornei um engenheiro, “atirador” para todos os lados como sempre fui. E continuei a dar atenção ao que me chamava atenção, como escrever aqui.

Mas o filho do Ulisses, o Bruno, se tornou um músico por sangue materno. E vai de blues (que alívio!...). No vídeo, um trechinho de um som que ajuda a elevar a alma.




Mãe

Quem não tem mais, sabe a falta que ela faz. Quem por sorte ainda tem, não sabe o que fazer convém.


quarta-feira, novembro 03, 2010

Artista espalha entradas USB em muros de Nova York

Dica do Ugo Degani:


O que você esperaria encontrar em um USB colocado no meio da rua, para todo mundo usar? Bom, é essa justamente essa a graça (e o perigo) da coisa toda: não dá para saber. O artista alemão Aram Bartholl distribuiu dezenas dessas portas pelos muros, postes de luz e casas de Nova York para estimular a troca de arquivos interessantes entre desconhecidos. O conceito do projeto, chamado Dead Drops, é bastante simples (como você pode ver aí na foto): basta conectar seu laptop, mp3 ou qualquer outra porta USB à entrada e trocar arquivos, se quiser. Em geral, os curiosos têm deixado recados sobre o local da instalação, músicas, fotos e até mensagens cifradas – aparentemente, o nome do projeto é inspirado em uma antiga operação detetivesca para o intercâmbio de informações (o que deixa tudo ainda mais legal).

Naturalmente, a ideia tem lá os seus problemas. Não foram poucas as pessoas que deixaram comentários no site de Bartholl para alertá-lo sobre os riscos da intervenção. Afinal, existe uma chance grande de gente mal-intencionada abandonar vírus nos USB e, assim, contaminar aparelhos saudáveis. Mas, pelo jeito, a curiosidade ainda bate mais forte para muita gente. E aí, você arriscaria seu aparelho para descobrir o que tem nesses misteriosos dispositivos?

Extraído da Superinteressante.

Modigliani - 1

69 milhões de dólares.


terça-feira, novembro 02, 2010

Seal and Heidi Klum

Enquanto a chuva cai

A chuva cai. O ar fica mole...
Indistinto... ambarino... gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como o bailar.

Torvelinhai, torrentes do ar!

Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.

Meu coração está sedento
De tão ardido pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.

Volúpia dos abandonados...
Dos sós... — ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...

Ó caro ruído embalador,
Terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!

A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!

Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na mudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!

E eu te amo! Quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.

É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!

Manuel Bandeira

segunda-feira, novembro 01, 2010

Millor

"Três coisas irrecuperáveis: o efeito da calúnia, o tempo passado, o ato sexual adiado."

Millor Fernandes