quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano Novo novo

Nesta época, tendemos a olhar para o que passou e classificar os atos feitos. Somos tentados a olhar para o futuro e buscar prever o que acontecerá. Aí, me lembrei de dois trechos de uma música dos Los Hermanos. Deixo-os aqui com o desejo que todos façam de 2007 um ano realmente novo.


(...)

e se eu fosse o primeiro

a voltar pra mudar

o que eu fiz

quem então agora eu seria

ah tanto faz

e o que não foi não é

eu sei que ainda vou voltar

mas eu quem será?

(...)

e se eu for o primeiro

a prever e poder

desistir do que for dar errado

ah olha se não sou eu

quem mais vai decidir

o que é bom pra mim

dispenso a previsão

(...)


“O Velho e o Moço”

Rodrigo Amarante

domingo, dezembro 24, 2006

O Tempo e o Fogo

O tempo que cobre de pátina as superfícies e os espaços

É o mesmo que enobrece a alma do vinho.

O fogo que queima a árvore e o ninho

É o mesmo que dá a têmpera aos melhores aços.


O tempo apaga o fogo

O fogo não queima o tempo.

O jogo em que o tempo teima

Na espera que o fogo extíngua,

Não deixa que morra à míngua,

A língua que grita o berro.

O berro que fala ao tempo

Que o fogo tempera o ferro

E o transforma em aço.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Quem pode mudar sua vida

Num post aí para trás citei uma questão clássica. O título deste poderia ser uma pergunta. Ou o início de uma afirmativa. Mas você quer mudar sua vida? Tenho sempre a impressão que apenas um punhado de privilegiados felizes com a sua não mudariam nada. No mais, todos querem mudar. Nem que seja para pior. Às vezes o pior é melhor. Depende do ponto de vista.

Mas um trio de autores, Alexandre Petillo, Eduardo Palandi e Pablo Kossa se propuseram a mostrar Como John Lennon pode mudar sua vida (Geração Editorial). Num livro absolutamente gostoso, para ser lido como se curte um bom prato e um elegante tinto, a obra brinca com a possibilidade de aprender a ter objetivos claros, a ser criativo, a conquistar o que se deseja. A ser feliz. Tudo isso pela perspectiva do cara.

Tasquei um gostoso pra definir ali, mas além disso, o livro ainda vai fundo, conta coisas que muito beatlemaníaco por aí não imaginava. É denso, fala de coisas que nos tocam, mas tem humor também. A começar pelas “lições baratas embutidas” ao final de cada capítulo. Numa delas, a seguinte sacada: “Se você não tira mais nenhum prazer do que faz ou do meio em que vive, pare. Repense tudo (...)”.

John Lennon realmente pode mudar sua vida. Assim como a dos autores, a minha ele realmente mudou também. E ainda pode mudar...

sábado, dezembro 02, 2006

Glorioso acidente

“O que é que eu tô fazendo aqui?”

Quem ainda não se fez essa pergunta? Ou as tradicionais: De onde vim? Para onde vou? Qual o sentido da vida? São perguntas sem respostas. Quanto mais tentamos respondê-las, mais elas ficam instigantes e insolúveis. Mais elas nos incomodam. Envelheço mas não consigo descobrir o que estou fazendo aqui.

Tem gente que procura caminhos diversos. Religiões tradicionais, religiões orientais. Esoterismo. Ou ciência. Um livro interessante que caminha para jogar luz no tema, ou gerar ainda mais dúvidas, é O Glorioso Acidente, de Clemente Nóbrega (Ed. Objetiva). O texto é conduzido num jogo de papéis entre as figuras de Einstein (o que busca respostas) e de Frankenstein (criado contra sua vontade, mas agora, afim de amar e ser amado). O papel do genial cientista duela como o do ser criado por Mary Shelley. Nóbrega alinhava a Teoria da Evolução com Teoria dos Jogos. Darwin e Von Neumann convivem com cientistas atuais nos textos ágeis, claros e empolgantes. Figuras da ciência como Carl Sagan, Richard Dawkins, Stephen Jay Gould e Bertrand Russel aparecem no livro. Mas outras como Bob Dylan, Pink Floyd, Caetano Veloso e Millôr Fernandes também surgem em citações, balanceando o enfoque acadêmico com o pop.

Um assunto muito interessante tratado de maneira leve, mas profunda. Sem fadas, sem gnomos, sem cristais.