domingo, novembro 29, 2009

Kings of Leon

Essa coisa de bandas formadas por irmãos é antiga. Daria pra fazer uma lista aqui, sem dizer que alguns posts atrás comentei sobre o Tokio Hotel, outra banda fraternal. O Oasis parece que não vai mais se aguentar, pois a dupla encrenqueira de irmãos também não se atura mais. Trios de irmãos normalmente são difíceis de se aguentar, muito mais que duplas. Pra eles e pra gente que escuta algumas dessas coisas estranhas geradas por trios assim. Da Austrália aos EUA, passando pelas letrinhas aqui do Brasil, trios de irmãos são difíceis mesmo.

Mas estes três irmãos Followill ainda trouxeram um primo pra seguir tocando rock depois de tantas experiências religiosas que lhe foram jogadas sobre suas cabeças pelo pai, o velho Leon Followil, pastor de uma igreja pentecostal. Eles quiseram manter o pai ― e o avô ― ligados à banda e o Kings of Leon saiu tocando um rock do bom, segundo os próprios caras, influenciado por The Clash, Rolling Stones e Thin Lizzy.

Essa família já está na estrada há dez anos e se continuarem a se aguentar uns aos outros, tem muita coisa boa que pode ainda surgir.








sábado, novembro 28, 2009

Quando

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Fernando Pessoa

Indo embora

Há pouco mais de dois anos e meio falei aqui de uma banda de duas duplas de irmãos que trazia um espírito de anos 60 e de todas aquelas coisas boas que eu e o meu primo Júnior Degani gostaríamos de ter vivido. Hoje ele me mostrou esse vídeo deles com essa música maravilhosa dos Beatles, dizendo que é uma das razões para que ele não ouça música sertaneja. Meu irmão, que viveu os anos 60, diz que não ouve também porque não dá tempo, há músicas demais na fila pra ele escutar primeiro, como esta que o John e o Paul acertaram tão bem.

Essa música sempre me trouxe uma sensação estranha, ainda quando eu era adolescente. Ela diz que uma garota sai de casa, apesar de ter tudo que seus pais pudessem lhe dar. Naquela época, eu pensava que nunca teria coragem de fazer o que ela fez. Nunca saí de casa assim. A letra da música não diz nada além, mas hoje percebo que quebras muitas vezes são benéficas. Ela saiu de casa e não sabemos se realizou seus sonhos. A certeza é apenas que ela o fez por si própria e só isso já seria motivo pra torná-la melhor.



She' s Leaving Home
(Lennon&McCartney)

Wednesday morning at five o'clock as the day begings
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free.
She (We gave her most of our lives)
is leaving (Sacraficed most of our lives)
home (We gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years. Bye, bye
Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone.
Why would she treat us so thoughtlessly
How could she do this to me.
She (We never thought of ourselves)
Is leaving (Never a thought for ourselves)
home (We struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years. Bye, bye
Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade.
She (What did we do that was wrong)
Is having (We didn't know it was wrong)
Fun (Fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years.
She is leaving home. Bye, Bye.


[Desculpe a pobre versão...)

Cinco da manhã de uma Quarta e o dia começa
Fechando a porta de seu quarto em silêncio
Ela desce até a cozinha segurando seu lenço
Devagar ela gira a chave da porta dos fundos
Um degrau e ela está livre

Ela (Nós demos a ela o melhor de nossas vidas)
Está saindo (Sacrificamos nossas vidas)
De casa (Nós demos a ela tudo o que o dinheiro podia comprar)

Ela está saindo de casa depois de viver sozinha
Por tantos anos
O pai ainda ronca enquanto a mãe veste seu roupão
Pega a carta que ela deixou ali
Sozinha no alto da escada
Ela cai em si e grita para o marido:
Paizinho, nossa menininha se foi!
Por que ela nos trataria assim, sem pensar?
Por que ela faria isso comigo?

Ela (Nós nunca pensamos em nós mesmos)
Está saindo (Nunca um pensamento para nós)
De casa (Demos duro em toda a vida para vencer)

Ela está saindo de casa depois de viver sozinha
Por tantos anos
Nove da manhã de uma Sexta e ela está longe
Esperando manter o compromisso que ela fez
Pegando carona com alguém pra lhe levar embora

Ela (O que nós fizemos de errado?)
Está (Não sabíamos se havia algo de errado)
Se divertindo (Diversão é a única coisa que o dinheiro não pode comprar)

Havia algo em seu interior que sempre foi negado
Por tantos anos

Ela está indo embora
Bye, bye...


sexta-feira, novembro 27, 2009

terça-feira, novembro 24, 2009

Assombros

Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.


Affonso Romano de Sant’Anna



domingo, novembro 22, 2009

Tudo isso é assim mesmo?

O que é mais importante? Ser uma oncologista que procura chances de curar alguns tipos de câncer ou uma prostituta chique que atende apenas em tardes quentes e sensuais? Um Eisntein socado num laboratório ou uma Catherine Deneuve em algo como mostrado no filme Belle de Jour?

Num mundo capitalista, às vezes temos que retirar alguns protótipos de comportamento de nossas mentes. As coisas não são como a gente pensa que são. Não dá pra censurar, não dá pra condenar, não dá pra tampar os olhos. O mundo capitalista quer coisas. Resta decidir o que a gente quer entregar a ele. Veja o link.




sexta-feira, novembro 20, 2009

Alta, assim

No fim de tarde
Depois da chuva
Um céu de âmbar
Salta assim
Aos olhos
À alma

No fim de tarde
Depois de tudo
Um sol bem tímido
Falta assim
Aos olhos
Acalma

No fim, bem tarde
Depois de tudo
Um véu diz tudo
Alta, assim
É a alma


Ela é maravilhosa...

... e por isso reaparece depois de tanto tempo. Se você não viu nesse blog este vídeo, veja agora. Se você não ouviu ainda essa música, ouça agora.

O que você não fez hoje, não fará amanhã. Perdeu. Se foi. É assim. Fazer o que? Fazer hoje, ora!... Ouvir hoje, ver hoje, ser hoje. Viver hoje. Porque se você parar pra pensar, não haverá amanhã.







terça-feira, novembro 17, 2009

O amor eterno

Dante se enganou: Paolo e Francesca
Continuariam bem juntinhos no Inferno, com pecado e tudo
Juntinhos e felizes!
Mas quem sabe se não seria este mesmo o castigo divino?
Um amor que jamais pudesse terminar…

Mario Quintana



sábado, novembro 14, 2009

Cafuné

Quem não gosta?...

Sob o chuveiro amar

Sob o chuveiro amar, sabão e beijos,
ou na banheira amar, de água vestidos,
amor escorregante, foge, prende-se,
torna a fugir, água nos olhos, bocas,
dança, navegação, mergulho, chuva,
essa espuma nos ventres, a brancura
triangular do sexo — é água, esperma,
é amor se esvaindo, ou nos tornamos fontes?

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, novembro 13, 2009

Vera Cruz

Vera Cruz era o nome do Brasil antes que descobrissem esse pau aqui. Vera Cruz é um nome bonito. Acho que o Milton sabe o que Vera Cruz quer dizer. Gente que nem é daqui também sabe.





quinta-feira, novembro 12, 2009

Solidão

A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
De planícies distantes e remotas
Sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
Quando todas as vielas se voltam para a manhã
E quando os corpos, que nada encontraram,
Desiludidos e tristes se separam;
E quando aqueles que se odeiam
Têm de dormir juntos na mesma cama:

Então, a solidão vai com os rios…

Rainer Maria Rilke



domingo, novembro 08, 2009

Sutilmente



E quando eu estiver
Triste
Simplesmente
Me abrace
E quando eu estiver
Louco
Subitamente
Se afaste
E quando eu estiver
Fogo
Suavemente
Se encaixe...

E quando eu estiver
Triste
Simplesmente
Me abrace
E quando eu estiver
Louco
Subitamente
Se afaste
E quando eu estiver
Bobo
Sutilmente
Disfarce...

Mas quando eu estiver
Morto
Suplico que não me mate não
Dentro de ti
Dentro de ti...

Mesmo que o mundo
Acabe enfim
Dentro de tudo
Que cabe em ti



sábado, novembro 07, 2009

Você me faz tão bem



Quando eu me perco é quando eu te encontro
Quando eu me solto seus olhos me vêem
Quando eu me iludo é quando eu te esqueço
Quando eu te tenho eu me sinto tão bem

Você me fez sentir de novo o que eu
Já não me importava mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem


Quando eu te invado de silêncio
Você conforta a minha dor com atenção
E quando eu durmo no seu colo
Você me faz sentir de novo
O que eu já não sentia mais

Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

Não tenha medo
Não tenha medo desse amor
Não faz sentido
Não faz sentido não mudar
Esse amor

Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

terça-feira, novembro 03, 2009

Tokio Hotel

Banda com vocalista de visual andrógino já apareceram muitas. Banda alemã cantando em inglês também. Banda com nome “nada a ver”, idem. Banda que faz legiões de seguidores então, nem se fala...
Mas o que o Tokio Hotel tem de diferente então? Pelo que eu sei, tem de diferente uma dupla de irmãos gêmeos univitelinos que dividem vocais e guitarra (se souberem de outra banda assim, comentem aqui). Mas eles também cantam em alemão e não fica esquisito. Não soa como treinamento de cães. Os primeiros álbuns deles tinham um tom mais pra melódico, mas o mais recente, Humanoid tem uma veia mais rock. Mas dá pra perceber que eles ouviram punk, metal, David Bowie e Metallica. É a molecada alemã também mostrando a que veio.