sexta-feira, dezembro 30, 2011

Fim de 2011

Antes de começar a ler, ligue o vídeo e espere carregar. Só então, leia — se não ficar hipnotizado pelo som.





Mas, nem sei se era pra você estar aqui lendo isso. Talvez você devesse estar rindo em outro lugar e não com seus olhos nessa tela. Comemorando ou tentando esquecer coisas dos trezentos e sessenta e quatro dias passados. O ano vai se acabando e, nessas horas, sempre fica um misto de nostalgia, esperança e a sensação de que a gente podia ter feito mais. Dá sempre uma sensação de que aproveitamos pouco, curtimos menos, esfregamos minimamente nossos lábios. Dá a sensação de que aqueles momentos que dormimos de manhã, não descansamos: apenas perdemos o Sol dourado nas brisas frias dos inícios dos dias. Vem aquela impressão de que dissemos poucos “Eu te amo”, escassos “Obrigado”, míseros “Perdoa-me”. Vem aquela sensação de que deveríamos ter levantado na madrugada pra ver a Lua no céu ou apenas sentir o frio das quatro horas batendo no peito. Talvez, ter sentido mais frio, sentido mais calor, tentado ouvir o coração bater.

Quando um ano vai embora, tendo sido ele bom ou mais ou menos, parece que estamos perdendo um amigo, um companheiro que esteve ali com você. Porque é sempre despedida. É sempre arrivederci. Assim, italiano mesmo, com as emoções brotando, com os olhos declaradamente expostos.

E quando um ano vai embora é porque outro ano vem por aí. E aquele misto de nostalgia, esperança e a sensação de que a gente podia ter feito mais, vai se transformando numa vontade de ter a oportunidade de viver cada pequeno minuto de uma maneira diferente de que a gente sempre viveu.

Todo ano é assim. Dizemos as mesmas coisas. Queremos as mesmas coisas. Fazemos as mesmas coisas que nossa Essência diz pra fazer. Somos as mesmas pessoas que Alguém fez um dia. Só crescemos um pouco. A cada ano. A cada dia. A cada hora. A cada minuto que se aproxima do ano que se inicia.



quarta-feira, dezembro 28, 2011

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
cobre as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.


Cecília Meireles

sábado, dezembro 24, 2011

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrêla a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sôbre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.




Vinícius de Moraes

segunda-feira, dezembro 19, 2011

domingo, dezembro 18, 2011

Perdição

A luz que me dás, esquiva e dura,
serve-me de abrigo onde desfeito
é já o meu cansaço. Halo escuro
a luz dói – perdição incerta
de um pobre e calcinado coração
que sabe de amor
o que batalhas são.


Casimiro de Brito

Sue Foley

sábado, dezembro 17, 2011

Beth Hart

Indicação do Luciano Araújo, que sabe das coisas.



quarta-feira, dezembro 14, 2011

Uberlândia

Não sei quem é o autor desta obra de arte. Quem souber, por favor faça um comentário.

Acalanto

Dorme, que eu penso.
Cada qual assim navega
pelo seu mar imenso.

Estarás vendo. Eu estou cega.
Nem te vejo nem a mim.
No teu mar, talvez se chega.

Este, não tem fim.
Dorme, que eu penso.
Que eu penso neste navio
clarividente em que vais.

Mensagens tristes lhe envio.
Pensamentos – nada mais.


Cecília Meireles

domingo, dezembro 11, 2011

Júbilo

Tomaste
arrancaste-me o coração
e simplesmente foste com ele jogar
como uma menina com a sua bola.

E eu de júbilo
esqueci o jogo.
Louco de alegria
saltava
como em casamento de índio
tão leve
tão bem me sentia.


Vladimir Maiakóvski

quinta-feira, dezembro 08, 2011

John Lennon is alive


Tags: Lennon; Yoko; Imagine; Beatles; Peace

sábado, dezembro 03, 2011

Kings of Leon, Eddie Vedder


Tags: Kins of Leon; Eddie Vedder; Rock; Lollapalozza


Sonetilho do falso Fernando Pessoa

Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.

Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.

Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,

eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.


Carlos Drummond de Andrade

Tags: Fernando Pessoa; Carlos Drummond de Andrade; Poesia de alto nível

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Kings of Leon - Arizona



Tags: KoL; Arizona; Rock

Reflexivo

O que não escrevi, calou-me.

O que não fiz, partiu-me.
O que não senti, doeu-se.
O que não vivi, morreu-se.
O que adiei, adeu-se.


Affonso Romano de Sant’Anna