sexta-feira, setembro 30, 2011

Camaleão

Eu não era assim
Mas acabei ficando
Eu não fico assim
Acabo mudando

quarta-feira, setembro 28, 2011

O rock, a Cláudia Leite e meu testículo esquerdo. Por Renato Cabral

Normalmente, quando dou um copy/paste no texto do Cabral pra cá, insiro minhas conjecturas a respeito, mudo a fonte do texto, insiro um vídeo, etc.

Mas desta vez não vai dar. Ele chamou o Fernando Mosca, botou uma ilustração legal, inseriu o vídeo que é trilha sonora e visual do post dele.

Então, faço assim: clique no palavrão abaixo e veja o post original do Renato Cabral. Olha ela aqui: MeusDoisTestículosJuntosDizemQueLedZeppelinÉMelhorQueCláudiaLeite

Tags: Rock in Rio; Led Zeppelin; Cabral; Einstein; Freud

segunda-feira, setembro 26, 2011

Quem Sonha Mais?

Quem sonha mais, vais-me dizer
Aquele que vê o mundo acertado
Ou o que em sonhos se foi perder?
O que é verdadeiro? O que mais será

A mentira que há na realidade
Ou a mentira que em sonhos está?
Quem está da verdade mais distanciado
Aquele que em sombra vê a verdade

Ou o que vê o sonho iluminado?
A pessoa que é um bom conviva, ou esta?
A que se sente um estranho na festa?


Alexander Search

domingo, setembro 25, 2011

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


Adélia Prado

sábado, setembro 24, 2011

Roger Waters + David Gilmour: Comfortably Numb, Live, O2 Arena 2011

No exato momento que David Gilmour aparece, a emoção que emana do público reflete o que nós sentimos. Nós que gostamos disso que está no vídeo. Nós que vivemos isso. Nós que não vivemos isso, mas ainda assim, adoramos isso. Quem está lendo isso aqui e sabe do que eu falo, sabe bem desse emoção. Quem sabe bem dessa emoção, sabe bem de mim.

Clique aqui e saiba do que falo.

Pink Floyd - Comfortably Numb - Pulse

Quando os filhos começam a gostar mais que você daquilo que você sempre gostou, é porque a vida está ficando ainda mais gostosa. Ugo me ensinando coisas que achei que ia ensinar a ele.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Esperanza Spalding



Tags: Obama; Milton Nascimento; Minas Gerais

Daughter


 


quinta-feira, setembro 15, 2011

Do que quero

Do que quero renego, se o querê-lo
Me pesa na vontade. Nada que haja
Vale que lhe concedamos
Uma atenção que doa.

Meu balde exponho à chuva, por ter água.
Minha vontade, assim, ao mundo exponho,
Recebo o que me é dado,
E o que falta não quero.

O que me é dado quero
Depois de dado, grato.

Nem quero mais que o dado
Ou que o tido desejo.


Fernando Pessoa

quarta-feira, setembro 14, 2011

Atrás não torna

Atrás não torna, nem, como Orfeu, volve
Sua face, Saturno.
Sua severa fronte reconhece
Só o lugar do futuro.
Não temos mais decerto que o instante
Em que o pensamos certo.
Não o pensemos, pois, mas o façamos
Certo sem pensamento.


Fernando Pessoa

Tags: Fernando Pessoa; tempo; passado; presente; futuro

Pink Floyd

Dica do Ugo Degani











Tags: Pink Floyd

Mulher brava

Somos tão jovens



Tags: Legião Urbana; Jovens; Vida; Tempo perdido

terça-feira, setembro 13, 2011

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Pessoa

Tudo quanto penso

Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.
Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi.


Fernando Pessoa

Árvores - 9


sexta-feira, setembro 09, 2011

Amy Winehouse & Rolling Stones



Tags: amy winehouse; rolling stones

quarta-feira, setembro 07, 2011

George Harrison and Pattie Boyd

Ela tava aí com o George, mas o Eric Clapton já tava de olho. E captou.
Tags: beatles; harrison; clapton; boyd

Queen - Live At Wembley Stadium - Freddie Mercury Day

Esse vídeo é pra aproveitar. Pode ser que os caras tirem daí. Indicação do Ugo Degani.



Tags: queen; mercury; rock; england; coisafina

sábado, setembro 03, 2011

Meus adoráveis desassossegos, por Renato Cabral




Comecei antes dos 21. Comecei na poesia, pois falar nunca foi um dom para mim. Foi coisa que aprendi a sangue e suor. Comecei a escrever pra tentar comunicar o que eu sentia. Fui indo. Me empolguei e quis estudar a coisa. Li os caras. E deu-me o desânimo. Nunca chegaria aos pés de qualquer um deles.

Mas a gente é viciado. Ainda escrevo quando deveria falar. Não falo no momento certo. Me arrependo. E aí, escrevo. E quem sabe, me entendam. Quem escreve sabe.

E aí, leio o texto do Cabral mais uma vez. E deu-me o desânimo. Sei que vou continuar a escrever. A gente é viciado. Mas o texto do cara diz. O Cabral diz. Diz o que nós, que escrevemos, queremos dizer. Eu queria ter dito, mas não fui eu quem disse.

Juntei esse vídeo com a música do Ryuichi Sakamoto, que tem fotografias que eu queria ter feito. Música que eu quis ter feito. Pra servir de fundo prum texto que eu quis ter feito.




Aos 21 comecei a escrever. Tardio e adiado como todo homem sem talento. Estava sempre apressado a arranhar a folha. Era para me ver livre de mim. Fazia de cada risco, um autoflagelo; de cada ponto, meu auto vodu. Na verdade, era o contrário. Os rasgos já habitavam a pele e escrever era costurar a folha.  Eu, costureiro de letras, artesão de frases. Meu formão, o dedo; minha agulha, a ponta da língua.

Não revisava o que era expelido porque não dá para voltar atrás num espirro. Minhas letras eram isso: excreções e desatinos. Meu método: abaixar as calças da cuca e fazer força. Quando dava tempo, quando não escorria perna abaixo.

Achava que ruminava, mas era mais mastigado que mascava. Punha o fermento das vísceras para fora achando que me limpava e, dentro da cabeça, mais o mau cheiro brotava entre as orelha. Eu a cada dia mais nojento, porque toda perversão é uma impotência, um jeito de dar conta do avesso. E a pastinha de arquivos ia inchando.

Ainda assim, tinha algo de essencial em escrever. Mesmo sem a inteligência farta, mesmo sem o esforço que transpirava, escrevia como se disso dependesse a vida, mesmo que não dependesse disso para viver. Porque nunca fui bom o bastante. E todo tapa nas costas era um tapa na cara e uma vergonha.

Tentei parar. Tentei ler. Fui aos clássicos e aos subúrbios. Abria as páginas pelo meio. Ignorava índices, preâmbulos. Mas dos livros, só encontrava desassossegos, tudo aquilo que sempre me fez companhia. Não os desesperos que precedem tragédias ou as dores. Mas o pior deles: o desespero de se ver pairando frente as brechas sem poder atravessá-las. O desespero de ter a consciência e não poder lançar o dardo, ferir qualquer inimigo. O desespero que desperta e não derruba da cama. O desespero de sucumbir asfixiado pela tosse alheia. O desespero que fixa o membro adormecido ao sofá e amputa qualquer movimento. O desespero de ver a dose de urgência pingando homeopaticamente, sem nunca chegar à paralisia terminal. O desespero do quando muito, muito pouco.

Daí, um dia, mexendo na absurda simplicidade dos títulos de meus textos, de tantas coisas sem viço, de tantas bobagens que se mascaravam de viscerais, disse chega. Queria a cura. Queria não depender das muletas dos parágrafos, do soro da semântica, nem das pontes atadas entre hiatos. Mas o grito do ruminante não ecoou. Porque, por ter passado a vida como um acanhado, meu gemido trincava mais os dentes que as janelas. Era sempre um grito para dentro, dentro da jaula.

Na carne crua da mente, o cheiro de algo podre, e os carniceiros a retirar as últimas sobras da sanidade. No escuro, os bons-dias fumegantes das baias a me tomar qualquer chance de fuga, como almas penadas a me avisar que eu também era portador da mediocridade dos dias. Em cada arroto evitado, uma condenação. Na esperança teimosa, tão cristã, que me deram junto ao mingau quando criança e pela vida toda, uma corrente de mil elos. E a vida mínima, aquela tolerável, a das liquidações, a da pechincha, a um passo além, sempre a escapar.

E de lamento em lamento, de rancor em rancor, eu me derretia em cada folha. Elas cheias. Eu faltando fora.  Meu abrigo com um guarda-chuva a apontar para o raio. Correram-se as páginas, os anos e os malditos reflexos das folhas quase brancas. A cabeça já curvada não pela força das opressões, mas pelo amontoado de ideias a serem enterradas, pelas ousadias apagadas, pela hipocrisia assumida em tantos “um dia irei fazer, irei fugir, irei dizer não, irei dizer sim”.

Cada chicotada a me arrancar o afeto sem me retirar a direção do pasto. Meu semblante desfeito por pancadas, mas os pulsos firmes, a segurar a pedra na mesma posição; o castigo de empurrar a roda sem fim, sem tropeço. Às vezes até via minha gaiola aberta. Mas o animal peçonhento que deveria ter me tornado se domesticou com a comida fácil. Fiquei gordo e satisfeito de preguiça de partir e urrar. Nos olhos resignados a cada gole, uma mentira e um bocejo. Minha rapina como um adorno sem graça até para os caçadores.

Percorri as escrituras de quem realmente era bom. Busquei inspiração em tudo para tornar minha mente ereta, para ver se, assim, minha espinha também se erguia e, assim, eu tirava a cara da lama, desse abismo a fitar o céu. Mas como pesa ter visto coisas demais tão cedo, ter tido na pele tantos rabiscos. Mas todos temos, eu sei. E por isso todos andam tão tortos.

Queria a pá para tampar esse buraco que não se enche e não tem fundo; de onde não se pode cair nem saltar. E a cada monte de terra, enchia a cara de pó. Eu a me enterrar vivo. Ali, na margem onde é costurado e desfeito o abismo, só o desespero de estar do mesmo jeito: na iminência da queda desastrosa e do passo salvador; à espera do empurrão ou do susto que nunca chegam. Eu, nem ponte nem travessia. Eu, como um ruminante cego em frente a uma porteira que não existe… sem pastar, sem atravessar.

Procurei então em cada página do meu passado o grito de raiva que poderia, enfim, realizar minha missão humana: enlouquecer, virar um bicho, fugir, voar, quebrar os muros, me suicidar ou qualquer coisa que trouxesse dias mais livres ou mais leves. Mas tudo já faltava. Até a vontade de morrer. Menos a vontade de escrever morria.

Mas nem eu entendia o que escrevia. Eu achando que era epifania quando na verdade era disenteria de uma alma colérica. E o que sobrou, o que ficou, não foram os feitos ou a memória malcheirosa das coisas deixadas pela metade. Restou a certeza de que mesmo diante de todos os esforços para quebrar os muros e abrir os livros, ainda sim o que podemos ver do outro lado são apenas míseros platôs, a permanência inexorável da falta de sentido grudada ao cheiro desta náusea de todos os dias. Porque a única coisa que pode salvar uma alma neste mundo não é a fé, a diversão ou o esquecimento, mas a sorte ou um amor. Mas os amores se vão e a sorte nunca vem. Porque viver é um azar, mas ter sorte é um milagre. Que o tempo que me roeu a folha não me coma os versos. E que minha lágrima que não dorme mate minha sede que não chora, tudo enquanto me pergunto de onde vem todas essas linhas que saem de meus olhos. Que minha tinta não seque antes do ponto final.


Renato Cabral

quinta-feira, setembro 01, 2011

Índios

(...)
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

(...)







Tags: Legião Urbana; Índios; saudade; vício; vocêdevoltapramim; sangrei

Dizem...

Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Dissessem.

Fazem?
Fatal.
Não Fazem?
Igual.

Porquê
Esperar?
- Tudo é
Sonhar.


Fernando Pessoa

Tags: Pessoa; Poesia; Portuguesa; Sonhar.