Ai de mim, aí de nós, bem-amada,
Só quisemos apenas amor, amar-nos,
E entre tantas dores se dispôs
Somente a nós dois ser malferidos.
Quisemos o tu e o eu para nós,
O tu do beijo, o eu do pão secreto,
E assim era tudo, eternamente simples,
Até que o ódio entrou pela janela.
Odeiam os que não amaram nosso amor,
Nem outro nenhum amor, desventurados
Como as cadeiras de um salão perdido,
Até que em cinza se enredaram
E o rosto ameaçante que tiveram
Se apagou no crepúsculo apagado.
Pablo Neruda
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