sexta-feira, abril 30, 2010

Eu espalhei meus sonhos

Eu espalhei meus sonhos sob teus pés
Tivesse eu os tecidos bordados do céu,
Entremeados com a dourada e prateada luz,
O azul, o furta-cor e o escuro tecido

Da noite, do dia e da meia-luz,
Eu espalharia os tecidos sob teus pés.
Mas, sendo eu pobre, e tendo somente meus sonhos;

Espalhei meus sonhos sob teus pés;
Caminhe com cuidado pois caminhas
Sobre meus sonhos.

W.B. Yeats


Janelle Monáe

The Noisettes

sábado, abril 24, 2010

sexta-feira, abril 23, 2010

quinta-feira, abril 22, 2010

Por um lindésimo de segundo

tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu
tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas

Paulo Leminski

sábado, abril 17, 2010

Genesis, again





Num post lá pra trás falei do Peter Gabriel, por indicação do meu primo Júnior Degani. Depois disso, o Tostão ― às vezes conhecido também como Júlio César Lourenço ― me mandou umas fotos do Genesis em seu início. Na época em que era Genesis mesmo, com PG e Steve Hackett.

Tostão me fez um desafio perguntando em qual das fotos em que Peter Gabriel se transveste, o Gênesis vira capa da Melody Maker no outro dia e fica reconhecido mundialmente. Não soube responder e achei que era aquela de uma roupa meio que cheia de pústulas. Errei. Foi quando ele interpretou Supper's Ready, uma pequena música de quase vinte e três minutos do álbum Foxtrot. Neste evento, PG aparece com uma cabeça de raposa e arrasa com as expectativas modestas de quem assistia. Isso gera um agito na mídia da época e os catapultam definitivamente.

São histórias que eu achava que ficavam apenas entre roqueiros assim como Júnior, Tostão ou eu mesmo. Mas tem gente mais nova que curte também. Conversando com meu aluno de MBA, o Pedro Broggini, vejo que nem tudo está perdido. Nem tudo são Luans, Léos e Mateus. Gente nova que sabe das coisas é tudo de bom!... Pedro conhece muito, toca de maneira bissexta no Octopus com o Maurício Ricardo & Cia. e veio me falar que viu meus posts e que adora rock progressivo. Isso é bom demais!

O Júnior e o Tostão precisam saber que ainda há moçada assim...





sexta-feira, abril 16, 2010

Soundgarden faz primeiro show em 13 anos

O G1 anuncia que o Soudgarden se reune nesta Sexta, dia 16/04/10, em Seattle. As informações são da Bilboard.




quinta-feira, abril 15, 2010

O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr’a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa

quarta-feira, abril 07, 2010

Little Wing

Jimi Hendrix que era de outro mundo fez essa maravilha, que continuou sendo nas mãos desse cara aí, que há quase vinte anos foi se encontrar com Hendrix, num outro mundo.




terça-feira, abril 06, 2010

Logorama

Mais uma vez, a gente aprende com quem a gente acha que ensina. Foi meu filho Ugo que me apresentou o Logorama, vencedor do Oscar de Curta de Animação de 2010. Pra quem curte marcas, logos e comunicação, como nós dois e mais trocentas pessoas que se ligam nisso, vale a pena assistir.


São logos e logos em profusão se relacionando e formamdo o ambiente, o eco sistema que se passa a história. Reparem nos detalhes ligando os sentidos das marcas às situações. Procurem a marca do Fat Boy Slim.


Ainda há uma marca brasileira (achei só essa única...) bem mostrada e clara. Essa é fácil de achar. Mas há um monte de logos que nem imagino de quem são. Alguns de vocês vão se lembrar de uma planilha Excel que andou rolando por aí nos mails há uns quatro anos sobre logos. Quem respondeu àquele teste, vai se interessar por este curta. Curtam!


Logorama from Marc Altshuler - Human Music on Vimeo.




domingo, abril 04, 2010

Passagem das Horas

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Fernando Pessoa, num trecho de Passagem das Horas

sexta-feira, abril 02, 2010

Bullitt




Steve McQueen foi é uma lenda do cinema e um dos filmes que mostra bem o que o tornou assim é Bullitt. Com a trilha sonora de Lalo Schifrin dando o clima típico fim dos anos 60 e com os carrões daquela época, que hoje se tornaram obras de arte sobre quatro pneus.

Ugo me chamou pra assistir e ficamos perseguindo os carrões da época. Challengers, Corvettes Stingray entre outros. E o Ford Mustang Fastback GT390 que acaba sendo a estrela do filme.

Um filme pra se rever, principalmente pra quem gosta da aura dos anos 60 e de carros maravilhosos.






É Preciso Não Esquecer Nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles

Volpi - 2

terça-feira, março 30, 2010

Não canto porque sonho

Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
o teu sorriso puro,
a tua graça animal.

Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
o mesmo bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.

Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
por vê-los nus e suados.

Eugénio de Andrade

domingo, março 28, 2010

Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama…
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava…

E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições…

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho…

Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado… e ter vivido o sonho!

Mario Quintana

Esse é o nosso mundo

Muitos de nós, da minha idade ou mais novos, muitos muito mais novos ainda viram suas almas cresceram com as músicas do Legião. As letras, principalmente as letras, traduziam o que sentíamos.

Renato Russo teria também feito cinquenta anos e suas letras ainda estão próprias pra quem tem cinquenta ou quinze ou vinte e cinco. Elas falam coisas que queremos dizer ou sentimos sem querer dizer. E continuam a falar. Como nesta música, neste trecho que diz que "esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar". A gente ouve novamente e acaba por tecer a esperança descrita no verso.



Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos

Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
A primeira vez
Sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos

Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar

Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair
Mas estamos sem dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém.

Planejar antes de executar

Na aula deste sábado do MBA da ESAMC falei sobre PDCA e DMAIC. Falei sobre a importância de planejar antes de executar. Aí agora à noite entro no site da Alê Mazzariolli, minha ex aluna de MBA, e dou de cara com um post sobre o assunto, mas voltado à área de Publicidade, falando sobre criativiadde. No entanto, dá pra pensar também em Gestão de Operações, que é o tema que tento passar (com muita dificuldade, devido aos meus parcos conhecimentos no assunto) aos meus ouvintes destas manhãs de sábado.

Rethink Scholarship at Langara 2010 Call for Entries from Rory O'Sullivan and Simon Bruyn on Vimeo.



Pendular

Galileu Galilei era menino ainda e ao ivés de prestar atenção à missa, ficava de olho no movimento pendular que o imenso candelabro-lustre da igreja fazia. Foi ali que ele percebeu que a frequência do pêndulo variava conforme seu movimento se reduzia, mas o período era sempre o mesmo. Ou seja, o tempo que levava para percorrer o espaço de um extremo ao outro do movimento era (e é) sempre o mesmo.

Tom Shannon é um artista que fez algo interessante a esse respeito. Misturou Física a Arte usando um pêndulo para pintar uma obra em que o caos e o controle se juntam, como cita o Gizmodo.

O que diria Galileu?


quinta-feira, março 25, 2010

Ausência

Por muito tempo achei que ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, esta ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade


domingo, março 21, 2010

sexta-feira, março 19, 2010

George

Meu primo Júnior é um sábio. E como qualquer um deles, sabe distinguir o que é bom do que é mais ou menos. Júnior sempre olhou (e ouviu) George Harrison com a sensibilidade dos sábios. Ele comprou o álbum All things must pass, um triplo que custou uma nota (muitos anos depois, virou um CD duplo), gravou o vinil em cassete e manteve a peça rara quase num cofre. Não num cofre de ferro fundido, mas num cofre-cuore.

Agora ele me passa esse texto extraído do blog O Baú do Edu, que reproduzo aqui. Ao ler o texto, quase vi George e sua postura que sempre teve. O tímido dos Beatles, o cara que preocupou com seu espírito, um cara de uma alma tão grande que a fazia transbordar por quem quer que a tocasse.

Júnior Degani não é tímido como George. Mas eles se parecem muito.




George planejou com calma e serenidade cada dia até sua morte. Longe da ribalta, discretamente, como era sua filosofia de vida, não permitindo a invasão da sua privacidade e da sua família. Apenas três pessoas sabiam onde e como George Harrison iria morrer: a mulher, Olivia, e o amigo, Gavin De Becker, que se encarregou de cuidar de tudo. Nem o filho, Dhani, sabia onde o pai iria morrer. Tudo foi combinado meticulosamente entre George Harrison e Gavin De Becker, do médico que passaria a certidão de óbito à capela onde seria cremado.

No dia 17 de Novembro, sabendo que o fim estava próximo, George mandou chamar a irmã e os amigos de sempre Paul McCartney e Ringo Starr. Para um Paul McCartney emocionado e com o rosto cheio de lágrimas disse: “ja não estarei aqui no natal”. Ringo disse que ficaria com ele até o fim e que cancelaria uma excursão marcada para o Canadá. George não permitiu dizendo-lhe que estava em paz.

Sem publicidade, no dia 17 de Novembro, George Harrison foi levado no jato particular de Gavin De Becker para Santa Monica, California, tendo depois sido transportado de ambulância descaracterizada até ao UCLA Medical Centre, em Los Angeles.No dia 20, o estado de George deteriorou-se e ele foi transferido para a casa de Gavin De Becker, em Beverly Hills, onde ficou isolado. A única visita exterior permitida foi a de Ravi Shankar.

A morte viria a ocorrer às 13h30 da quinta-feira, 29 de Novembro. Além da família, dois dos seus melhores amigos indianos, Shayam Sundara e Mukunda, entoaram cânticos Hare Krishna, enquanto o George desfalecia. O corpo de George Harrison foi cremado às 06h30 do dia 30 de Novembro. As cinzas seguiram na segunda-feira, 03 de Dezembro, para a Índia onde foram espalhadas num rio sagrado, provavelmente o Yamuna.




terça-feira, março 16, 2010

Canção

Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,

que amanhã morro e não te vejo!
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
o lábio, limite do instante absoluto!

Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face

e em redor dos muros o vento inimigo…
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo…

Cecília Meireles

domingo, março 14, 2010

O amor

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.

Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma cousa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Fernando Pessoa

quinta-feira, março 11, 2010

Dos nossos males

A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais…

Mário Quintana

quarta-feira, março 10, 2010

Eclipses

Eclipses são lindos. Sempre quando eles acontecem, algo além deles próprios se apresenta como uma consequência de toda a beleza que eles emanaram. Eclipses são singulares. Sempre quando eles acontecem, algo diferente, que traz esperança, parece que está por acontecer. Eclipses são eventos que o Sol e a Lua se mostram em sintonia. Como se fossem feitos um para o outro. Eclipses sempre ficam na memória do cérebro, na memória dos olhos, na memória da alma.

sábado, fevereiro 27, 2010

Compaixão

Quem tem ou teve um cachorro vai olhar para esta cadelinha e entender o que é compaixão.





domingo, fevereiro 21, 2010

25 anos depois

Everybody Wants To Rule The World



Welcome to your life
There´s no turning back
Even while we sleep
We will find you
Acting on your best behaviour
Turn your back on mother nature

Everybody wants to rule the world

It´s my own design
It´s my own remorse
Help me to decide
Help me make the most of
Freedom and of pleasure
Nothing ever lasts forever

Everybody wants to rule the world

There´s a room where the light won´t find you
Holding hands while the walls come tumbling down
When they do i´ll be right behind you

So glad we´ve almost made it
So sad they had to fade it

Everybody wants to rule the world

I can´t stand this indecision
Married with a lack of vision

Everybody wants to rule the world

Say that you´ll never, never, never, never need it
One headline why believe it?

Everybody wants to rule the world

All for freedom and for pleasure
Nothing ever lasts forever

Everybody wants to rule the world


Bem-vindo à sua vida
não há volta
mesmo enquanto dormimos
nós encontraremos você
comportando-se da melhor maneira
dê as costas à mãe natureza
todos querem governar o mundo
é o meu próprio projeto
é o meu próprio remorso
ajude-me a decidir
ajude-me a aproveitar o máximo da liberdade
e do prazer
nada dura pra sempre
todos querem governar o mundo
há um lugar onde a luz não encontrará você
dando as mãos
enquanto as paredes desmoronam
quando isto acontecer, estarei bem atrás de você
tão contente por termos quase conseguido
tão triste pois eles tiveram que enfraquecê-lo
todos querem governar o mundo
não posso suportar esta indecisão
aliada a uma falta de visão
todos querem governar o mundo
diga que você nunca precisará disto
uma manchete, por que acreditar nela?
todos querem governar o mundo
tudo pela liberdade e pelo prazer
nada dura para sempre
todos querem governar o mundo.


sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Greg Huglin's Surfing Dolphins








Sempre adorei água, tenho uma história com ela, tenho ao mesmo tempo paúra e paixão pelo mar. Ver a lâmina d’água pelo lado de baixo é uma coisa única que os nadadores podem usufruir e todos deveriam poder.

Fazer isso como os golfinhos fazem deve ser algo divino. Quando eu nadava, imaginava qual seria o pensamento deles quando estivessem ali, na mesma posição que eu estava. Sim, sempre achei que os golfinhos pensavam. Ainda acho.

Greg Huglin é um fotógrafo e diretor norte-americano de 57 anos e acaba de lançar o filme "Golfinhos Surfistas" (acesse o site), que mostra imagens desses animais pegando ondas na África do Sul. Pegando ondas, brow!... Mó crowd de golfinhos, yeah!!!

O cara demorou seis anos pra completar as filmagens e fotografias. Não dá vontade de por alguns minutos ser um desses animais de alma superior?




quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Novas do Peter Gabriel

Fui conhecer o Genesis pelas mãos do Tostão (também conhecido por Júlio César Lourenço). Era quando o Genesis era o Genesis mesmo, com Steve Hackett nas guitarras e Peter Gabriel nos vocais. Dizer vocais era pouco para Peter Gabriel. E ainda é.

E o cara naquela época inovou as apresentações em palco se vestindo com roupas e fantasias das mais estranhas para época. Numa hora poderia estar como um brócolis e em outra, como um ser oriundo dos subterrâneos cheio de bolhas e pústulas esquisitas. O palco de um grupo de rock nunca mais foi o mesmo.

Mas foi acompanhando o Júnior Degani que eu me aprofundei no rock progressivo dos caras. Ele sabe o que é Hairless Heart e Cuckoo Cocoon. E sabe da minha paixão por The Lamia. Afinal, o vento frio de madrugadas a entrar pela janela de um Chevette deixa marcas indeléveis, principalmente ao som de Carpet Crawlers.

Agora o Júnior me mostra um novo trabalho do sempre novo Peter Gabriel. É a primeira parte de um projeto de Gabriel de “trocar canções” com outros compositores. A idéia é fazer vários artistas, incluindo Gabriel, reinterpretarem músicas uns dos outros. Tem gente como David Bowie (interpretando Heroes), Arcade Fire (My body is a cage), Radiohead (Street Spirit) e Talking Heads (Listening Wind). Os artistas envolvidos também vão gravar composições de Gabriel.

Uma curiosidade deste disco, é que ele dispensa guitarra, baixo e bateria. Peter Gabriel ficou sem gravar por oito anos e esse trabalho chamado Scratch my Back é mais uma mostra de que o cara é igual a vinho.

O texto acima é uma compilação costurada das palavras escritas pelo Júnior Degani, que de vez em quando colabora com esse blog.





terça-feira, fevereiro 09, 2010

Amor meu, ao fechar esta porta noturna

Amor meu, ao fechar esta porta noturna
te peço, amor, uma viagem por escuro recinto:
fecha teus sonhos, entra com teu céu em meus olhos,
estende-te em meu sangue como num amplo rio.

Adeus, adeus, cruel claridade que foi caindo
no saco de cada dia do passado,
adeus a cada rio de relógio ou laranja,
saúde, oh sombra, intermitente companheira!

Nesta nave ou água ou morte ou nova vida,
uma vez mais unidos, dormidos, ressurgidos,
somos o matrimônio da noite no sangue.

Não sei quem vive ou morre, quem repousa ou desperta,
mas é teu coração o que reparte
em meu peito os dons da aurora.

Pablo Neruda

domingo, fevereiro 07, 2010

Everybody Here Wants You



Twenty-nine pearls in your kiss
A singing smile
Coffee smell and lilac skin
Your flame in me

Twenty-nine pearls in your kiss
A singing smile
Coffee smell and lilac skin
Your flame in me

I'm only here for this moment

I know everybody here wants you
I know everybody here thinks he needs you
I'll be waiting right here just to show you
How our love will blow it all away

Hmm, such a thing of wonder in this crowd
I'm a stranger in this town
You're free with me
And our eyes locked in downcast love
I sit here proud
Even now you're undressed in your dreams with me

Oh, I'm only here for this moment

I know everybody here wants you
I know everybody here thinks he needs you
I'll be waiting right here just to show you
How our love will blow it all away

I know the tears we cried
Have dried on yesterday
The sea of fools has parted for us
There's nothing in our way
My love

Don't you see, don't you see?
You're just the torch to put the flame to all our guilt and shame
And I'll rise like an ember in your name

I know I, I know I
I know everybody here wants you
I know everybody here thinks he needs you
I'll be waiting right here just to show you
Oh let me show you
That love can rise, rise just like embers

Love can taste like the wine of the ages, oh babe,
And I know they all looks so good from a distance
But I tell you I'm the one

I know everybody here, well, thinks he needs you
Think he needs you
And I'll be waiting right here just to show you.


Todos Aqui A Querem

Vinte e nove pérolas em teu beijo, um sorriso encantador,
aroma de café e pele lilás, tua chama em mim.
Vinte e nove pérolas em teu beijo, um sorriso encantador,
aroma de café e pele lilás, tua chama em mim.
Eu só estou aqui por este momento.
Eu sei que todos aqui a querem.
Eu sei que todos aqui pensam que ele precisa de ti.
Eu estarei esperando bem aqui só para te mostrar.

Como o nosso amor vai afastar isto tudo.
Tal maravilha nesta multidão,
eu sou um estranho nesta cidade, você está à vontade comigo.
E nossos olhos fixos de amor cabisbaixo, eu me sento aqui orgulhoso,
Mesmo agora você está despida em teus sonhos comigo.
Eu só estou aqui por este momento.
Eu sei que todos aqui a querem.
Eu sei que todos aqui pensam que ele precisa de ti.
Eu estarei esperando bem aqui só para te mostrar.
Como o nosso amor vai afastar isso tudo.
Eu sei que as lágrimas que choramos secaram ontem
O oceano de tolos se abriu para nós
não há nada em nosso caminho meu amor
Você não vê? Você não vê?
Você é a tocha que aguarda a chama
para toda nossa culpa e vergonha,
E eu surgirei por ti como uma brasa.
Eu sei, eu sei,
Eu sei que todos aqui a querem.
Eu sei que todos aqui pensam que ele precisa de ti.
Eu estarei esperando bem aqui só para te mostrar.
Me deixe mostrar que o amor pode surgir, surgir como brasas.
O amor pode ter o sabor de vinho antigo, baby.
E eu sei que todos eles parecem tão bons de longe,
Mas te digo que eu sou o único.
Eu sei que todos aqui pensam que ele precisa de ti.
pensam que ele precisa de ti
E eu estarei esperando bem aqui só para te mostrar.


sábado, fevereiro 06, 2010

Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…

- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares

e une as terras mais distantes…
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,

apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,

os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
e um dia me acabarei.

Cecília Meireles

Vagar

Que triste que seja
Insiste que eu veja
Que o que há
Ou que havia lá
Já não há que vagar
Pelo que tudo enseja
Pelo que se deseja
Pelo que vá devagar
Até ao seu fim

Que viste a beleza
Desiste à peleja
Que te pega
No contrapé
Pelo que tudo enseja
Por quem te deseja
Pelo que vá ao vagar
Porque é assim


segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Soneto LXXXVIII

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.

Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.

Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,

Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

William Shakespeare

quarta-feira, janeiro 27, 2010

iPad

Meu filho nunca leu um jornal de papel. Mas sabe coisas incríveis. Talvez ele não tenha uma opinião formada sobre o Zelaya. E por que teria? Sua atenção é concentrada em coisas totalmente distintas das minhas, não só pela diferença de idade, mas pela maneira como nós fomos embrulhados pelos tempos, pelas eras, pelos acontecimentos. O conteúdo que ele procura é diferente do meu e as mídias para isso também são diferentes, por mais que eu corra pra não perder o bonde da História (Que lugar comum mais velho!).

Jornais de papel, fotografias, livros, vídeos e outras coisas que talvez eu nem saiba ― mas talvez meu filho saiba ― acabaram de ser sacudidos com mais um gadget lançado pela Apple e seu lendário fundador Steve Jobs.

Onde poderemos chegar com algo como o iPad?



terça-feira, janeiro 26, 2010

Flor de Açucena

Quando acariciei o teu dorso,
Campo de trigo dourado,
Minha mão ficou pequena
Como uma flor de açucena
Que delicada desmaia
Sob o peso do orvalho.

Mas meu coração cresceu
E cantou como um menino
Deslumbrado pelo brilho
Estrelado dos teus olhos.

Thiago de Mello

domingo, janeiro 24, 2010

Há uma luz que nunca se apaga



Take me out tonight
Where there's music and there's people who are young
and alive,
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one, anymore

Take me out tonight
Because I want to see people and I want to see life,
Driving in your car
Oh please don't drop me home
Because It's not my home, It's their home
And I'm welcome no more

And if a double-decker bus crashes into us
To die by your side, such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck kills the both of us
To die by your side
Well the pleasure and the privilege is mine

Take me out tonight
Oh take me anywhere, I don't care, I don't care, I
don't care
And in the darkened underpass I thought oh God, my
chance has come at last
But then a strange fear gripped me and I just couldn't
ask
Take me out tonight
Take anywhere, I don't care, I don't care, I don't
care
Just driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one, Oh Lord
No I haven't got one.

There is a light that never goes out...

Morrissey/Marr

sábado, janeiro 23, 2010

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa