domingo, maio 23, 2010

Seus olhos

Seus olhos – se eu sei pintar
o que os meus olhos cegou –
não tinham luz de brilhar,
era chama de queimar;
e o fogo que a ateou

vivaz, eterno, divino,
como o facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
ao mesmo tempo: mas grave
e de tão fatal poder,

que, num só momento que a vi,
queimar toda a alma senti…
Nem ficou mais do meu ser,
senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett



Nenhum comentário: