quinta-feira, março 31, 2011

LXXXVI

Oh, Cruz do Sul, oh trevo de fósforo fragrante,
Com quatro beijos, hoje penetrou tua formosura
E atravessou a sombra e meu chapéu:
A lua ia redonda pelo frio.

Então com meu amor, com minha amada, oh diamantes
De escarcha azul, serenidade do céu,
Espelho, apareceste e completou-se a noite
Com tuas quatro adegas tremulas de vinho.

Oh palpitante prata de peixe polido e puro,
Cruz verde, perrexil da sombra radiante,
Vaga-lume á unidade do céu condenado,

Descansa em mim, fechemos teus olhos e os meus.
Por um minuto dorme com a noite do homem.
Acende em mim teus quatro números constelados.

Pablo Neruda, em Cem sonetos de Amor

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