Em Setembro de 2007 escrevi algo aqui sobre ópera. Era sobre o Pavarotti, mas era muito mais que isso. Era sobre aprender coisas com meu pai, que apenas muitos anos depois pude dar valor. É sempre assim. Coisas maravilhosas que escutamos deles e só muito tempo depois absorvemos. Como a ópera. E essa coisa maravilhosa me tocou um dia.
E em várias ocasiões, em filmes principalmente, ouvia uma ária maravilhosa, mas sempre perdia a oportunidade de identificar qual era, quem cantava, quem era o autor. Mas através do meu filho, que assistia a um filme, consegui identificar. De certa forma, algo já me dizia que era Maria Callas. Imaginei que meus ouvidos já estivessem treinados para captar os mínimos detalhes. Mas tenho certeza que não. Foi apenas o óbvio. No link abaixo, um vídeo antigo dessa americana de ascendência grega, considerada a melhor soprano que o mundo já ouviu, pode mostrar a beleza de sua voz e da ária O Mio Babbino Caro, que é um trecho de Gianni Schicchi, de Giacomo Puccini. A ária é belíssima e ouvindo-a nas vozes de outras sopranos dá pra perceber as nuances que cada uma delas dá à obra. Talvez na primeira audição, nem tanto. Mas ao ouvir novamente, abrindo bem os ouvidos e a alma, dá para perceber. A romena Angela Gheorghiu e a russa Anna Netrebko não são tão famosas quanto a neozelandesa Kiri te Kanawa, mas têm além de suas vozes lindas uma presença em palco que destoa completamente daquele estereotipo de “tia velha italiana”, que de certa maneira acabei formando nos meus tempos de adolescência, quando meu pai me mostrava algumas delas cantando.
Muita coisa na vida, depois que a descobrimos, vem a sensação de que perdemos muito tempo ficando longe dela. A gente pensa: Onde eu estava por este tempo todo? Com essa ária, foi a mesma coisa. Escutei e escutei até que vieram reclamar por aqui. Mas a cada audição, a cada emoção eu me perguntava: Onde eu estava por este tempo todo?
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