sábado, dezembro 04, 2010

A carta que não foi mandada

Paris, outono de 73

Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis

No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só

Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando

Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás

É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei… nem lembro mais

Vinicius de Moraes

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