sábado, dezembro 04, 2010

Mais uma carta

Heidelberg, 22 de abril de 1928

Minha cara Hannah!

Acho que posso compreender por que você não apareceu. Mas não consigo controlar a angústia que sinto. Desta vez voltei a sentir a mesma angústia quase enigmática e tão insistente.

Meu amor por você está como no primeiro dia: você bem sabe e eu sempre o soube, mesmo antes deste reencontro. O caminho que você me indica é mais longo e difícil do que eu pensava. Ele exige toda uma extensa vida. A solidão deste caminho é uma opção.(…) Sempre dou tanto quanto exigem de mim, e o próprio caminho não é outra coisa senão a tarefa que o nosso amor entregou-me. Teria perdido o direito à vida, se perdesse meu amor por você. No entanto, perderia este amor e a sua realidade, se me esquivasse da tarefa a que ele me impele.

“E se existe Deus,
Te amarei melhor depois da morte.”

Pertencendo absolutamente a você, seu
Martin.

- H. Arendt - M. Heidegger - Correspondências 1925/1975 -

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