sábado, setembro 15, 2012

Memória

Não dá pra escolher um único poema do Drummond. Isso é impossível. Mas este é especial. Talvez por eu saber de cor, de tanto que o li nestes anos que aprecio a poesia. Já fiz um pequeno conto em que ele é o ator principal.

Toda vez que o leio [e ler é melhor que declamar] percebo filigranas, temperos, maravilhas escondidas em cada um desses versos, dessas palavras, dessas letras juntadas com tanta maestria.

Drummond foi muito mais que a grande maioria das pessoas, que o conheceram por força das aulas de Literatura do segundo grau, imagina. Pelas palavras dos tantos poemas seus pode-se perceber a intensidade de vida que aquele senhorzinho bonitinho expressava atrás de seus óculos de servidor público.

Drummond não é pra qualquer um. Drummond é pra o mundo todo.



Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.



Carlos Drummond de Andrade

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