sábado, março 29, 2008

O advogado, por Marcelo Spini

Temos um amigo advogado. Tem voz de advogado. Tem jeito de advogado. Conheço-o desde os tempos de colegial e meu pai conhecia o pai dele. Eu mesmo tenho algumas histórias que, de certa forma, têm o pai dele dentro delas. Um dia elas podem aparecer por aqui.

Mas o Marcelão resolveu escrever algo sobre um fato ocorrido com este advogado amigo nosso. Era algo pra enviar ao Fantástico, mas acabou ficando guardado em algum HD por aí. O próprio advogado leu o texto, disse que foi assim mesmo que aconteceu e recentemente autorizou-me a publicar o texto neste blog. Quem escreveu ainda não tem seu blog, então, segue o texto escrito por Marcelo Spini.


O ADVOGADO !!!!

Neste breve relato, descreverei um fato ocorrido com um grande advogado da cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, distante 550 quilômetros da capital, Belo Horizonte. Por se tratar de um grande advogado que representa várias grandes instituições, não mencionarei os seu nome.

Após ser informado que teria que fazer uma defesa oral de uma grande causa em Belo Horizonte, passou dias lendo o processo para conhecer todos os seus detalhes. No dia da viagem, enquanto aguardava o vôo na sala de embarque, continuava devorando todas as páginas daquele imenso processo, pois tinha total convicção, que sairia vitorioso.

O vôo estava marcado para sete da manhã. Mineiro que é, chegou faltando dez para as seis, tentando não ter nenhum problema no check in. Acomodou-se e mergulhou na leitura. Pensando ter passado alguns minutos, olhou as horas, foi um espanto. 7h20min! Juntou todos os documentos, levantou-se desesperado e foi perguntar sobre o vôo. Recebeu a triste notícia: mesmo estando o Brasil passando por uma crise aérea, aquele bendito (ou maldito) vôo saiu no horário.

Desesperado, disparou um plano “B”. Tinha que conseguir chegar em Belo Horizonte antes do almoço, pois a “coisa” estava marcada para três da tarde. Foi de guichê em guichê para tentar outro vôo e nada. Até que alguém lhe falou sobre um táxi aéreo que também tinha como destino a Belo Horizonte. Ao se aproximar da área de embarque, com a sorte que sempre deve acompanhar um grande advogado, tinha um amigo que também estava indo para lá e poderia lhe ajudar a conseguir uma vaga no vôo. Após ver a possibilidade de embarcar e negociar o preço estava que era só alegria, pois este grande advogado tem um pezinho na Turquia. Embarcou.

A aeronave era pequena e agora com este novo passageiro, estava lotada. Piloto e mais sete passageiros. Como sempre nesses ambientes, apenas uma mulher. O vôo partiu sem problemas aparentes, mas um fato iria fazer com esta viagem fosse marcada de maneira ímpar.

Após alguns minutos de viagem, o Dr. começou a sentir algumas cólicas, que o fez suar frio lembrando da feijoada que havia comido no dia anterior. Num espaço tão pequeno não era possível soltar um punzinho distraído, pois todos iam notar e não teria como culpar ninguém. E aquele advogado continuou ali firme. Cada minuto que passava a situação piorava, cólicas, gases, barulhos estranhos. Enquanto todos riam, ele ficava cada vez mais sério.

Passado mais alguns minutos o piloto informou que estavam chegando ao destino, mas o Dr. já não suportava mais. Após uma rápida explicação da situação perguntou onde era o banheiro. Após algumas risadas foi informado que estava sentando no banheiro. Não havia outra saída. Como retornaria da viagem no mesmo dia, não havia levado outro terno, tinha que resolver a situação ali e agora. Após algumas desculpas desenxabidas, levantou a tampa de seu acento, desabotoou o cinto, abaixou parcialmente as calças, pois no recinto havia uma mulher. Enfim, pôs fim ao seu sofrimento. Neste momento se ouvia apenas o som do motor do avião. A cena era desoladora. No entanto, mesmo ali ele tentava manter a pose. O aroma nada agradável dentro da aeronave fez com que todos os passageiros e piloto ficassem sem respirar por vários minutos. Ele queria parar de suar, mas após resolver uma parte desta situação, lembrou que não havia visto uma ducha higiênica ou papel. Então resolveu ficar ali até o pouso da aeronave, que deve ter demorado varias décadas. Após o pouso, ele se manteve ali impávido. Se despediu de um por um, até que todos desembarcaram e ele pôde falar com o piloto, fazer a higiene e descer do avião para uma missão que agora parecia tomar pirulito de criança.

E tudo acabou bem, ganhando a causa. E agora, esquecer estas poucas horas que pareceram uma eternidade é algo que seria muito bom.

E esqueceria, se o Marcelão não escrevesse esse texto e eu não o publicasse aqui nesse blog.

2 comentários:

Anônimo disse...

Várias lições podem ser tiradas deste acontecimento, se não vejamos:

- Advogado também faz ....
- Competente então, mais ainda .
- Todo valente tem seu momento de fraqueza.
- É melhor rir depois do que antes.

Algumas perguntas necessitam de respostas:

Como foi a relação com a senhora presente, depois do evento? Nunca mais a viu?

Os companheiros de vôo guardaram sigilo?

Se passasse por situação semelhante nos dias de hoje, alguma atitude mudaria?

Quais os conselhos que o velho guerreiro deixaria para seus filhos quando enfrentarem situações de crise?

E por fim, o atleta, hoje, tirou proveito de todo o acontecido??

assinado - O curioso !

Unknown disse...

Caro leitor "O curioso!",

Obrigado pelos seus comentários. Eles foram muito bem elaborados e compartilho com vc as mesmas curiosidades. Vamos esperar, então, que nosso ilustre representado na história venha aqui nesse blog e nos responda a estas questões. Ele pode vir assim, como vc, na qualidade de anônimo e deixar seus comentários. Quem sabe fazemos isso chegar a ele?

Abraço!