sexta-feira, setembro 10, 2010

Espelho de Água

Escrevi esse poema quando eu tinha vinte anos. Algumas coisas são perenes, mesmo em meio a tantas efêmeras. E assim, mesmo agora, tantos anos depois, leio esses versos e acabo me vendo ali, na beira do rio.



Espelho de Água

Chego na beira do rio
E olho para aquele espelho de água.
Estou bem na minha frente
Me delatando
Me denunciando
Me cobrando.
Às vezes eu me olho turvamente,
Ondulantemente
Tranquilamente
Bem na mente.
Sinto-me olhando-me no fundo,
No meu fundo, do fundo do rio.
Não sei porque, mas rio,
E acho graça
Sentindo-me olhado por mim.
Aí então,
Com a minha mão,
Toco a água,
Quebro o espelho
E lavo meu rosto.



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