domingo, julho 29, 2007

O mar

Fuçando no Youtube acabei encontrando um vídeo que poderia muito bem ser oficial do Pearl Jam. Provavelmente o Eddie Vedder nunca o viu. Mas é de uma poesia que casa perfeitamente com a música. Descobri que foi filmado numa praia de Portugal por um cara, provavelmente um poeta, de pseudônimo Lobístico.

Gosto muito de água. Gosto do mar. Quando estou no litoral, me sinto bem, em paz, como se houvesse voltado ao líquido amniótico da minha mãe. De certa forma, é uma volta mesmo, já que o Homem veio do mar. Se pudesse, moraria, pelo menos parte do ano, à beira mar. Realmente não sei explicar como me sinto bem numa praia, com o mar a me lamber, sentindo o cheiro, respirando sal, olhando para o horizonte verde-azul-azul-verde. Gosto de ficar observando os elementos que pertencem ao ambiente do mar. Pessoas que caminham, cachorros que brincam, ondas que se quebram, o ar enevoado pela maresia.

Tem uma hora do dia, à beira mar, que gosto muito. É quando anoitece. Sinto algo inexplicável. Entro no mar mais uma vez, sem enxergar ao certo as ondas, meio temeroso, mas confiante que ele me tratará bem. Depois, saio, olho para o céu, que ainda tem claridade. Olho bem fundo nele. Sinto minha alma ir ao encontro dele. Já disse isso para algumas pessoas.

Neste vídeo aí tem todos esses elementos que citei. E mais. A música é linda, a letra também. Lobístico que me perdoe, mas eu filmaria a praia, o mar e o céu exatamente como ele fez. Por isso, me sinto co-autor do vídeo.


Um pouco de café

Fui criado entre pessoas que sempre beberam café. A maioria, fumantes. Sou do tempo em que fumar não era crime. Hoje, infelizmente, essa coisa horrível do politicamente correto coloca as pessoas que optaram por fumar no mesmo patamar dos escroques e dos bandidos leves. Mas antes não era assim. Vi muitas vezes meu pai se sentar à mesa com meu tio, filhos de italianos que eram, tomar uma imensa xícara de café e acenderem seus cigarros. Fui muitas vezes comprar para meu pai no bar do Alcides.

Mas o café sempre esteve presente. Na casa da minha avó Hermínia em Batatais, eram feitos bules de café quase que de meia em meia hora. Todos tomavam. Minha mãe, minha tia Deolinda, todas passavam um pouco de manteiga num pedaço de pão, encharcavam-no de café forte e davam para as crianças comerem. Éramos tratados à base de café.

Recentemente fui a Carmo do Paranaíba, bem ao leste do Triângulo Mineiro. Visitei algumas fazendas e as instalações da Veloso, uma empresa que produz cafés para exportação. Lá pude saborear o café que meu pai dizia que nós aqui do Brasil não tomávamos. O café que, ainda em Batatais, quando a cidade ainda era uma grande produtora de café, era enviado para a Europa. Meu pai dizia que o café que tomávamos era palha torrada. Não entendia aquilo. Mas em Carmo, um especialista me explicou sobre isso e pude me lembrar do que meu pai dizia. Uma palha aromática que fazia o café mais cheiroso.

Assim, com as lições aprendidas em Carmo, voltei a experimentar o café com mais atenção. Comecei devagar. Comprei um pó mais forte, mais encorpado, mas ainda daqueles nossos mesmo. Resolvi também comprar uma cafeteira italiana para fazer café na medida, sem sobrar nem faltar. Passei a ler alguma coisa na internet e cada dia mais podemos ver o quanto essa bebida gostosa tem de parecido com o vinho, que também adoro.

Não fumo, mas sempre que despejo o café bem preto e fumegante na xícara, sempre que a aproximo com seu aroma do meu nariz, sempre que experimento o sabor, me lembro do meu pai. Meu pai, que toda a manhã levantava cedo, ia pra cozinha e fazia café coado em um coador de pano que ele mesmo costurava. Ele se sentava numa cadeira e olhava para algo com o olhar longe, talvez buscando lembranças em sua alma. Não sei costurar, não sei fazer o café que ele fazia. Mas ainda quero experimentar o prazer que ele tinha em tomar um bom café.

quinta-feira, julho 26, 2007

Ukulele

Quem conhece meu primo Júnior sabe bem como ele á fã do George Harrison. Para quem não conhece, é um cara que quando o George lançou o LP “All Things Must Pass”, um álbum triplo, ele o comprou, tocou uma vez para gravar e guardou a peça. Isso há séculos atrás. Hoje a “bolacha”, ou melhor, as três, é um conjunto raro, que não muitas pessoas têm.

O Júnior sempre manda umas dicas musicais. Essa aí é mais uma. Mas de um carinha absolutamente desconhecido. Jake. Sei lá das quantas. Ele toca este instrumento aí, parecido com o nosso cavaquinho, mas com um nome estranho: ukulele. George Harrison também tocava e, claro, bem. Mas o Jake não é ruim não...

sábado, julho 21, 2007

Rio

O Rio de Janeiro continua lindo. Sempre foi. Desde bem antes de D. João VI por aqui chegar. Mesmo na primeira metade do século passado, quando as favelas ainda eram lugares apenas bucólicos, o Rio era lindo. Nesta primeira metade deste século, mesmo com toda a violência que acaba com o cotidiano das pessoas, o Rio de Janeiro continua lindo.

Há quem diga que o Rio é lindo só de cima, de avião. Também é. Mas não apenas. Não há como desmentir quando falam que o Rio de Janeiro é a cidade mais bela do mundo. Porque é. E não é só a beleza exposta nos cartazes, nos folders de agências de turismo. Tem uma beleza terrestre, mesmo quando o mar e as montanhas não estão ao alcance dos olhos. Tem uma beleza de pessoas, de corpos, de olhares e sorrisos. Tem uma beleza de esquinas, de botecos e ruas centrais. Tem beleza de cidade.

Um clip do John Legend mostra bem isso. Além das imagens simples, sem arroubos cinematográficos, quase manuais, o vídeo também apresenta dois casais apaixonados circulando por lugares da cidade. Não há Cristo Redentor, não há Pão de Açúcar, não há praia de Copacabana. É claro que escadarias com a bandeira do Brasil, que virou figurinha fácil em vídeos de cantores americanos (Snoop Dogg, por exemplo) aparecem também. É um Rio humano, visto do nível dos olhos. É um sentimento humano dos casais do vídeo que transparece na cidade.

Talvez, olhando bem, não seja apenas o Rio de Janeiro que é bonito. Tem algo mais ali.

Azuis

Os caras estiveram no Brasil recentemente. Eles têm cara de seqüelados. Se pintam de azul. Se olham de modo estranho. Mas fazem um som especial. Os três se revezam em instrumentos um tanto estranhos e inesperados, mas sempre acompanhados de boa música. Blue Man Group tem a característica do impacto, do diferente, do fazer algo que não foi feito. E o novo sempre é sedutor.


sexta-feira, julho 20, 2007

Utilidades

Os meios de comunicação estão sendo revolucionados. Internet, telefones móveis, UMPCs e, claro, o iPhone da Apple. Tem gente que está dizendo que não sabe como viveu até hoje sem um iPhone. Neste vídeo dá pra ver como ele é absolutamente indispensável...

quinta-feira, junho 28, 2007

Stop and Hear the Music

Recebi do meu amigo Júlio Morsoletto um e-mail com o texto a seguir. Ele fala de arte. De poesia. De sentir. De como nascemos poetas, artistas e deixamos isso escapar. De como temos dificuldade de inserir arte no nosso dia a dia, na nossa vida. O que deveria, ou pelo menos, poderia estar integrado na nossa forma de viver, acaba sendo tratado como um produto a ser consumido. Apenas.

Um violinista no metrô...

Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metrô de Washington, de manhã, na hora do rush, despertando pouca ou nenhuma atenção. A iniciativa foi do jornal "Washington Post", com a idéia de lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares. Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares. Ali na estação de metrô foi ostensivamente ignorado pela maioria, à exceção das crianças, que, inevitavelmente, paravam para escutar Bell... Segundo o jornal, isto é um sinal de que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós. "Foi estranho ser ignorado" disse Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da música clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. Esse fato, aparentemente, não impressionou os usuários do metrô. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um celular toca. Mas no metrô as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou. Diretor da National Gallery, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará".

Veja o filme. Leia o original no Washington Post.

sábado, junho 23, 2007

Sem título

E paro e penso e falo

Mas não sei se convenço.

Se adoeço e saro,

Não sei se é o começo

Do caro intento de matá-lo

Ou apenas seu prolongamento.

Eu tenho o gosto e o faro;

Não sei a que venho:

Se paro, se penso, se falo.

sexta-feira, junho 15, 2007

City - Jardim Samaúma

No post aí de baixo, havia falado de um casal. É o fotógrafo Beto Oliveira e sua mulher. E mais umas fotos do local. A cidade vai melhorando pelo trabalho de gente assim.





quinta-feira, junho 07, 2007

City

Às vezes corro no bairro City, que algum vereador sem mais nada pra fazer resolveu chamar de Jardim Inconfidência. E por várias destas vezes, vi um casal plantando e regando árvores por ali. Os dois sempre estão por ali, aplicados em uma luta que todos deveriam louvar. Por si mesmos revitalizam uma região rara na cidade. Replantam ao redor de dois córregos, Lagoinha e Mogi, um deles com cachoeiras e pequenas quedas d’água.

Agora, a região vai sendo modificada. Embelezada. Além do trabalho que vi dos dois, o solo vai ganhando um gramado. A impressão é que se formará um parque linear, emprestando a quem passa por ali uma paisagem para se colar nas retinas. Lixo, plásticos, lâmpadas ainda são encontrados nas beiradas dos córregos e junto às ruas. Ainda há pessoas que se dão ao trabalho de saírem de suas casas com caixas de leite vazias, fraldas descartáveis e outros resíduos quaisquer para deixar tudo isso ali. Poderiam empregar esta disposição toda para retirá-los.

Mesmo com estes senões, a região vai ganhando um aspecto mais agradável, digna de um passeio. Digna de servir de ambiente da luta daquele casal.Fotos: Ugo Degani


sexta-feira, junho 01, 2007

Sargento Pimenta

Há quarenta anos não só a música mudava, mas o mundo também. Em 1° de junho de 1967, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band era lançado. A obra prima dos Beatles que revolucionou o modo de fazer música e até o comportamento dos jovens da época. Além das inovações, tais como uma história condutora no disco, o long play trazia coisas impensáveis para a época. Meu irmão tinha (e tem ainda) um LP, que ouvia sempre numa vitrola. Eu era moleque e tentei traduzir Lucy in The Sky with Diamonds. Mas a letra é doida demais. Acabei traduzindo She’s Leaving Home. Hoje, tenho um CD. Uma obra de arte para se ter em casa. E no coração.

quinta-feira, maio 24, 2007

Prosa e Cinema

Muitas pessoas, mesmo sem deixar comentários aqui, tem me falado que andam gostando dos textos mais, digamos, poéticos aqui apresentados. Então, pra essas pessoas — elas sabem que estou falando delas — deixo aqui uma prosa curta. Quem gosta de cinema, quem já beijou no escurinho de uma sala assim vai gostar. E lanço um desafio: além do filme “Cinema Paradiso”, outro é citado nesta prosa. Qual? Dica: ganhou Oscar de melhor filme.

O Último Cinema do Centro

Já não havia mais cinemas no centro da cidade como há vinte, trinta anos. Restava apenas um, onde antes era o diretório acadêmico de uma faculdade. Local que na verdade trazia outras lembranças, onde geralmente as pessoas se acotovelavam em torno da bilheteria, tentando entrar, como se aquele lugar fosse uma casa mágica, como se o ambiente ali de dentro fosse levar as pessoas para algo melhor. E foi passando em frente a este endereço, a pé, que ele se lembrou de uma sessão de cinema ocorrida há sabe-se lá quantos anos, em outro cinema da cidade, onde agora, fechado por velhas portas pantográficas de ferro, tornara-se o local ideal para os sacos plásticos descansarem da luta contra o vento e dormirem tranqüilos.

Ele até que tentou lembrar-se qual era o filme, quem era o diretor, a música, a luz em movimento. Mas foi em vão. A lembrança pungente era o abraço daquela mulher em sua cintura. Nem o roçar dos corpos das outras pessoas — que estavam também naquela sessão e se espremiam umas nas outras a espera que a chuva torrencial que desabava lá fora ao menos diminuísse —, foi lembrado. A imagem que lhe vinha na mente de forma mais clara eram os pingos da chuva, que apareciam maiores quando passavam bem próximos da luz da lâmpada de vapor de mercúrio. O vento já havia jogado água por todo o vidro temperado que separava a sala de espera da calçada, que deformava ainda mais as pessoas que corriam molhadas na rua, fugindo da água que despencava furiosa do céu, sem se importar onde caía. Começou a se lembrar que o vento trazia para dentro da sala de espera, por uma pequena fresta aberta, o frio de quase início da madrugada. Começou a se lembrar que aquela seria a última sessão de cinema junto com aquela mulher. Mais uma vez tentou se lembrar o nome do filme. Poderia procurá-lo numa locadora e relembrar com mais intensidade os momentos dentro do escuro do cinema. Mas a memória já não era como antes. Nada era como antes.

O filme que lhe passava na cabeça era uma colagem de recortes do tempo que passou junto com ela. Em fragmentos, como pedaços de celulóide, sua memória começou a se mover. Lembrou da personagem daquele cineasta que volta à sua cidade natal na Itália, para o enterro de seu amigo projecionista — interpretado por Philippe Noiret em Cinema Paradiso — e morto sem vê-lo pela última vez. Quando o cineasta, agora famoso, recebe a “herança” do seu amigo, uma caixa de metal e a abre, lá estão todos os beijos dos filmes de sua infância, cenas de amor extirpadas das fitas por imposição da censura da Igreja local da época. No filme, aquele momento era como se uma porta abrisse na memória do cineasta e toda sua infância e convivência com o amigo surgisse na forma de retalhos de celulóide.

E os pedaços de memória, também na forma de retalhos de cenas de amor, de beijos e abraços apaixonados foram surgindo. Com a lembrança de Cinema Paradiso; da música maravilhosa de Ennio Morricone; das lágrimas despejadas na cena da caixa; dos rostos envelhecidos dos antigos habitantes da pequena cidade italiana. Uma “caixa” repleta de pedacinhos de sua vida, de uma parte dela, se abriu. Começou a se lembrar de seus sonhos, de sua energia inabalável. Foram surgindo na lembrança os momentos de dificuldade e fracassos que tão bem eram superados a dois. A crença — que beirava o fanatismo — de que era capaz de mudar o mundo. A férrea certeza de que aquela mulher seria a última de sua vida. E lembrou também como a perdeu. A cena, quase uma tomada cinematográfica, em plano americano: o sol de final de tarde por trás dos cabelos tornavam imperceptíveis os traços do rosto dela. A cidade se movimentando num pano de fundo nervoso e sem rumo, com as pessoas pedindo licença, ou não, tocando e empurrando em busca de espaço para justificar sua pressa. Não conseguia enxergar nesta cena as feições daquela mulher. Não sabia mais se aquela era a cena real acontecida, que agora lembrava. E nela também não via os traços da boca, dos olhos, das maçãs do rosto. Poderia ser mais uma trapaça de sua memória que lhe retirava uma breve e rara oportunidade de voltar a ver aquele rosto. Não conseguia vislumbrar a face, apenas a dor daquele momento. Uma cena desprovida de música, sem Morricone, sem a maestria dos cineastas de antigamente, sem uma fotografia que enchesse a tela de emoção em forma de luz. Era a cena final do seu filme. Não haveriam os créditos subindo, as luzes da sala se acendendo, as pessoas se movimentando para sair, enxugando os olhos. Uma parte de sua vida nem em luz em movimento se transformou.

A cena ruim e sem poesia ainda está na sua mente, confundiu-se com a visão dos cartazes dos filmes que estavam anunciados e quase sem perceber, um turbilhão de pessoas começa a passar por ele tocando-o, quase empurrando-o para fora do caminho dos que tem pressa. Em poucos instantes as pessoas que estavam naquela sessão de cinema se foram para suas vidas.

Um vento frio de quase início de madrugada já soprava cortando sua face e desalinhando os poucos cabelos finos e trazia, em movimentos de rara beleza, um saco plástico de supermercado, que aos poucos foi procurando um lugar mais calmo, ali, bem próximo à entrada daquele último cinema.

segunda-feira, abril 16, 2007

Dias

Antes que as tardes venham anoitecer

Mesmo que os dias possam perecer

Retornam as estrelas no céu

As constelações ao Sul


Últimas mensagens do Universo

Caindo feito gotas em nós

Luzes brilhando em pontinhos

Iguais às lágrimas das mães

Ao se despedirem dos filhos

domingo, abril 15, 2007

Amanhã

Não há quem não tenha a curiosidade de saber como será amanhã. Tudo vem mudando tão rapidamente que qualquer previsão pode cair no ridículo tão rapidamente quanto. Mas a Intel fez um vídeo em que nos dá uma idéia possível da interação das informações. Os UMPCs, que seriam PCs de uma portabilidade tal que fariam os relógios de pulso se tornarem anacrônicos (Talvez já sejam hoje...). Interessante olhar e ver como poderia ser (clique e veja).

sábado, abril 07, 2007

Celeste

Dias passam em seqüência

Sem que o Sol se canse

Na sua clara essência

De buscar a sua chance


E a Lua no céu clareia

Seu próprio caminho no chão

Pr’aquilo que ela anseia


E se olham e se buscam

E se ligam e se tocam

Giram em elipses

Clamam por eclipses

Um quantum de luz

Mais que seduz

Explode em paixão

À palma da mão


E no amanhecer e no poente

Se vêem distantes

E a Lua sabe o que o Sol sente

Em todos os instantes


E o Sol no céu sozinho

Conduz seu próprio corpo

Pr’aquele que é seu caminho


Noite e dia, dia pós noite

Lua e Sol em comunhão

Separados por um açoite

Mas juntos, num só coração

domingo, março 25, 2007

Magic Numbers


Alguns dos que lêem este blog talvez não tenham nem idéia de quem foram “The Mammas and the Pappas”. Tudo bem. Eu também não convivi com eles, mas tenho alguma idéia. Era um grupo dos anos 60. Dois caras e duas meninas (sim, elas foram meninas naquela época...). Faziam uma música gostosa, que embalou a geração hippie. Coisas como California dreamin’, Monday, monday, Do you wanna dance e outras pérolas. Acho que todos já se foram, mas sua música ainda pode ser encontrada, pelo menos na Amazon.com.
Então. De repente, me dou com uma banda que tem dois caras e duas meninas. E um nome curioso: The Magic Numbers. Também como aqueles dos anos 60, os caras barbudos e ... digamos assim, como aqui em Minas, duas meninas “fortinhas”. Gordinhas, vai... Mas com um som muito, interessante... Um pouco de country music, outro tanto de folk, mas muito de anos 60 mesmo.
Dois pares de irmãos compõem a banda. Romeo e Michelle Stodarts e Sean e Angela Gannons. Romeo é o cantor e compositor principal, além de cuidar da guitarra. Sean na batera. Michelle no baixo, keyboards e vocais. Angela fica nos vocais, percussão e aqueles tecladinhos chamados de melódica que, por sopro, emitem um som bem anos 60.
Um som bem interessante, que merece ser escutado com calma, mesmo pra quem nem imagina como foram os anos 60 (clique e veja).


sábado, março 17, 2007

TV

Ligo a TV. Não queria, mas ligo. O canal que aparece é o da Globo. Pago pra ter uma infinidade de canais, mas quem assistia antes de desligar desprezou a tal infinidade de canais e ficou por ali mesmo. Mas, tudo bem. Mudo de canal, vou lá pra cima, para os de filmes, para os de documentários. Então vejo que não é muito diferente. Tenho que ficar ali, sentado, imóvel, inerte frente ao que alguém imaginou pra mim.

E me lembro de um artigo da Superinteressante. Tratando da série Lost, utiliza a questão da transformação do veículo TV. Diz que nunca mais a TV será como antes. Tudo por causa da interação dos fãs da série via web. Eles estão forçando os produtores de Lost a conduzirem a trama conforme a “vontade” dos fãs.

Então, me levanto do sofá da sala, desligo o decodificador, a TV, a lâmpada e deixo a sala na escuridão. E me pergunto: O que eu estive fazendo aqui?

domingo, fevereiro 11, 2007

The Dark Side of the Moon

Muitos posts atrás, quando Sid Barrett morreu, escrevi algo sobre ele, sobre o Pink Floyd. Uma banda pra lá de clássica, presença obrigatória em qualquer estante de qualquer um que se declare “roqueiro”, mesmo que seja um daqueles que tenha ojeriza às bandas de rock progressivo. Escutamos e escutamos as músicas, mas geralmente não sabemos como elas são compostas. Qual a história embutida em cada uma delas? Normalmente, não damos a mínima.

No entanto, desde os tempos de colegial, quando participei de uma peça que tinha poesia do Drummond misturada a rock do bom, venho me perguntando como saiu das cabeças dos caras o álbum The Dark Side of the Moon. Na peça, onde estava o Tostão, o Luiz Ângelo e mais tanta gente, os efeitos sonoros das músicas eram usados nos trechos mais, digamos, dramáticos... De repente, passeando na livraria, me dou de frente com este livro do John Harris (Jorge Zahar Editor), com o subtítulo Os bastidores da obra-prima do Pink Floyd.

Sim. Obra-prima. Algumas vezes discuti com pessoas que entendiam ser The Wall a obra-prima deles. Mas sempre achei que Dark Side extrapolava! Não dá para não ter um CD (ou até um vinil!) do álbum, mesmo nestes tempos de mp3. Sem dizer que, lançado em 1973, vendeu 30 milhões de cópias no mundo todo e, ainda hoje, vende 250 mil cópias a cada ano... No livro, que na verdade não se atém apenas ao álbum, Harris joga luz à formação do grupo também. Mostra como Barrett influenciou o álbum, como foi se afastando (mentalmente) da banda e como a banda o afastou. Interessante notar também como Roger Waters impunha sua personalidade ao grupo e de que maneira tratava sua dicotomia entre o espírito socialista que herdou dos pais (que de certa forma mantém através de ações sociais, ainda hoje) e sua inevitável condição de astro de rock capitalista.

Pra quem nunca ouviu falar de Pink Floyd, esqueça. Mas se você um dia já gritou “Money, get away”, vale a leitura.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano Novo novo

Nesta época, tendemos a olhar para o que passou e classificar os atos feitos. Somos tentados a olhar para o futuro e buscar prever o que acontecerá. Aí, me lembrei de dois trechos de uma música dos Los Hermanos. Deixo-os aqui com o desejo que todos façam de 2007 um ano realmente novo.


(...)

e se eu fosse o primeiro

a voltar pra mudar

o que eu fiz

quem então agora eu seria

ah tanto faz

e o que não foi não é

eu sei que ainda vou voltar

mas eu quem será?

(...)

e se eu for o primeiro

a prever e poder

desistir do que for dar errado

ah olha se não sou eu

quem mais vai decidir

o que é bom pra mim

dispenso a previsão

(...)


“O Velho e o Moço”

Rodrigo Amarante

domingo, dezembro 24, 2006

O Tempo e o Fogo

O tempo que cobre de pátina as superfícies e os espaços

É o mesmo que enobrece a alma do vinho.

O fogo que queima a árvore e o ninho

É o mesmo que dá a têmpera aos melhores aços.


O tempo apaga o fogo

O fogo não queima o tempo.

O jogo em que o tempo teima

Na espera que o fogo extíngua,

Não deixa que morra à míngua,

A língua que grita o berro.

O berro que fala ao tempo

Que o fogo tempera o ferro

E o transforma em aço.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Quem pode mudar sua vida

Num post aí para trás citei uma questão clássica. O título deste poderia ser uma pergunta. Ou o início de uma afirmativa. Mas você quer mudar sua vida? Tenho sempre a impressão que apenas um punhado de privilegiados felizes com a sua não mudariam nada. No mais, todos querem mudar. Nem que seja para pior. Às vezes o pior é melhor. Depende do ponto de vista.

Mas um trio de autores, Alexandre Petillo, Eduardo Palandi e Pablo Kossa se propuseram a mostrar Como John Lennon pode mudar sua vida (Geração Editorial). Num livro absolutamente gostoso, para ser lido como se curte um bom prato e um elegante tinto, a obra brinca com a possibilidade de aprender a ter objetivos claros, a ser criativo, a conquistar o que se deseja. A ser feliz. Tudo isso pela perspectiva do cara.

Tasquei um gostoso pra definir ali, mas além disso, o livro ainda vai fundo, conta coisas que muito beatlemaníaco por aí não imaginava. É denso, fala de coisas que nos tocam, mas tem humor também. A começar pelas “lições baratas embutidas” ao final de cada capítulo. Numa delas, a seguinte sacada: “Se você não tira mais nenhum prazer do que faz ou do meio em que vive, pare. Repense tudo (...)”.

John Lennon realmente pode mudar sua vida. Assim como a dos autores, a minha ele realmente mudou também. E ainda pode mudar...

sábado, dezembro 02, 2006

Glorioso acidente

“O que é que eu tô fazendo aqui?”

Quem ainda não se fez essa pergunta? Ou as tradicionais: De onde vim? Para onde vou? Qual o sentido da vida? São perguntas sem respostas. Quanto mais tentamos respondê-las, mais elas ficam instigantes e insolúveis. Mais elas nos incomodam. Envelheço mas não consigo descobrir o que estou fazendo aqui.

Tem gente que procura caminhos diversos. Religiões tradicionais, religiões orientais. Esoterismo. Ou ciência. Um livro interessante que caminha para jogar luz no tema, ou gerar ainda mais dúvidas, é O Glorioso Acidente, de Clemente Nóbrega (Ed. Objetiva). O texto é conduzido num jogo de papéis entre as figuras de Einstein (o que busca respostas) e de Frankenstein (criado contra sua vontade, mas agora, afim de amar e ser amado). O papel do genial cientista duela como o do ser criado por Mary Shelley. Nóbrega alinhava a Teoria da Evolução com Teoria dos Jogos. Darwin e Von Neumann convivem com cientistas atuais nos textos ágeis, claros e empolgantes. Figuras da ciência como Carl Sagan, Richard Dawkins, Stephen Jay Gould e Bertrand Russel aparecem no livro. Mas outras como Bob Dylan, Pink Floyd, Caetano Veloso e Millôr Fernandes também surgem em citações, balanceando o enfoque acadêmico com o pop.

Um assunto muito interessante tratado de maneira leve, mas profunda. Sem fadas, sem gnomos, sem cristais.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Wireless. Mesmo!

Outro dia, o Ugo tentava explicar para alguns adultos não muito acostumados aos termos tecnológicos como seria possível enviar dados de um equipamento para outro sem o uso de fios. Wireless. Um garoto de dezesseis anos sabe muita coisa que adultos não sabem. Então, perguntaram a ele se não seria possível eliminar todos os fios. Não só os de transmissão de dados mas também os de energia. Tudo clean. Ele explicou que nas condições atuais de evolução da ciência, isso não é possível.

Mas Ugo não sabia que o MIT (Massachusetts Institute of Technology) está estudando formas de viabilizar isso. Segundo seus pesquisadores, o conceito explora conceitos de física conhecidos há um século e poderia funcionar a distâncias de muitos metros. Os caras estão fuçando. Daqui a pouco, mandar a sua agenda de telefones do seu telefone móvel para seu computador não será mais nenhuma novidade. O legal vai ser carregar a bateria dele sem precisar de tomada. E aí? Você está se preparando?


domingo, outubro 15, 2006

Pra quem pediu

Sempre existiu o céu

Sempre existiu o Sol

E aquelas estrelas

Do Cruzeiro do Sul


Sempre existiu a luz

Sempre existiu o mar

E aquelas estrelas

Branquinhas de sal


Mas vêm nuvens

Mas vêm chuvas

E o tempo e o tempo e o tempo


E vem o tempo

E muda tudo

E levanta as pedras

E joga o Sol

No sal

E joga a luz

Das estrelas

No mar

Luz ao Sol


Mar à luz

quinta-feira, outubro 12, 2006

Com quem você se parece?

Você é apresentado a alguém, que lhe fala que acha você parecido com uma pessoa. Você quer saber que pessoa é esta. Conforme a resposta, fica satisfeito. Ou não. É isso? Comparar você ao Ian Anderson, do Jethro Tull, aos atores Clint Eastwood, Jeff Goldblum ou ao músico Pierre Boulez, tudo bem... Dizer que você se parece com o Slobodan Milosevic é um ultraje! Pois a internet tem algo assim. Uma pequena bobagem, um site chamado MyHeritage que você faz um upload de uma foto sua e te dá uma série de personalidades ditas “parecidas” com você. Mas para que serve isso? O que fazer com esta informação? Quem é que sabe?... Para onde vai a internet? O Youtube acaba de ser comprado pelo Google pela bagatela de 1,65 bilhão de doletas. Quando o Youtube apareceu, perguntaram também para que serviria aquilo. O próprio Google se pergunta como ganhar dinheiro com o Orkut e se possível, no Brasil que responde pela maioria dos usuários. Aqui, o Orkut já fez muitas pessoas que se imaginavam perdidas se encontrarem; já fez outras coisas também, claro. Mas a pergunta é: para onde vai a internet? Ninguém sabe. O que se sabe é que ela caminha para ser uma ferramenta de integração no mais puro sentido do varejo. Os atacadistas da informação que se cuidem.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Afonsinho

Quando eu era criança tinha um amigo, colega de classe, que se chamava Afonso. Como a professora fazia a chamada pelos nomes, era Afonso. Apenas anos depois ele se transformou em Afonsinho. Mas ele já me chamava de Paulinho. Fomos cada um para um lado, mas nos reencontramos na briga do vestibular e estudamos juntos novamente. Faculdade, e cada um para o seu lado mais uma vez. Muitos anos depois, cervejas, festas e nos reencontramos. E mais uma vez, cada um para o seu lado. Ele sempre para lados distintos. Não se casou como nós. Não teve filhos como nós. Foi para o seu lado.
Quando éramos crianças, às vezes ia na casa dele, um apartamento grande, com bancadas de granito que me faziam reparar com atenção naquelas pedras diferentes, polidas, brilhantes. Um dia ele me convidou para ir ao aniversário dele. Aceitei, mas fiquei sem jeito. Ele morava num edifício, que aparentava um certo tom de exclusividade, numa avenida que na época ainda era calma e nobre, sem o trânsito feérico de hoje. Então, chamei meu primo Júnior e fomos à festa, num terraço na cobertura.
Por e-mail, Júnior me fala que o Afonsinho (aquele que nós fomos no aniversário dele, no terraço do prédio da João Pinheiro) estava jogando tênis hoje pela manhã, teve um infarto fulminante e morreu. Tinha 45 anos, muitas idéias na cabeça e muito cigarro nos pulmões. Na verdade, da última vez que o vi ele não fumava cigarros. Devorava-os. Seu coração não agüentou a convivência com eles. Mesmo com tantas lembranças do Afonsinho, o aniversário no terraço acaba ficando. Ficou para o Júnior e acabará ficando para mim.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Mudar dói

Nesta época de eleição, de denúncias de corrupção, de revistas e jornais sensacionalistas, sempre se fala em mudanças. Mudar os políticos, mudar a cara do país. Enfim, mudar a cultura de um povo. Mas é só ir de casa para o trabalho, ter que se submeter ao trânsito das ruas que se percebe que as mesmas pessoas que falam em valores, em ética na política, em mudanças são aquelas que interrompem um cruzamento. São as mesmas que fecham o lado esquerdo da pista para serem os primeiros a virarem a esquina, dirigem como se ruas e avenidas fossem os corredores de suas casas.

Fora dali não é diferente. Na primeira possibilidade, furam uma fila. “Cafezinho” para um guarda rodoviário. Pequenas fraudes contra a seguradora do carro. Vantagens.

Sempre é mais fácil mudar o outro. Mudar a si mesmo dói.

sábado, setembro 16, 2006

Jornalismo preguiçoso

Grassa no Brasil a praga do jornalismo preguiçoso. Textos com coisas do tipo “Fulano teria recebido propina de tal empresa” aparecem na imprensa como se tudo fosse assim mesmo: uma fofoca. É a preguiça de fazer um trabalho bem feito, é a disposição de fazer muita coisa em pouco tempo em prol de várias reportagens, de fazer elevar as vendas destas revistinhas semanais do País, revistinhas que décadas atrás eram excelentes e agora só pensam em papel impresso rendendo lucros.
Mas aí, um destes jornalistas preguiçosos cruzou o caminho do Rodrigo Amarante, do Los Hermanos e tomou uma “traulitada” que está até hoje procurando o caminho de casa... Clique aqui para assistir.

Onda

A internet apenas engatinha, mas alguns fenômenos de vez em quando surpreendem. O Orkut foi um deles, onde o Brasil domina mais de 70% em número de contas. Teve muita gente que se encontrou ali, mas também tem pessoas que o utilizam por outros motivos menos nobres. Inclusive virou foco do Ministério Público, que ainda não sabe que os bancos de dados não precisam estar no local que são utilizados e processam o Google em busca de usuários não tão bonzinhos.
Mas outro que vem agitando é o You Tube. Sua capacidade de fazer circular vídeos dos mais diferentes tipos permite que qualquer um mostre para o mundo um pouco de si. Num vídeo, uma japonesinha tirou fotos todos os dias de seu rosto desde 2001, se não me engano, e montou-as em forma de vídeo. Um pedaço da vida dela ali, para todo mundo ver.

sábado, agosto 19, 2006

Patos

Existe um fenômeno interessante que acontece na natureza.
Patos domésticos, daqueles que vivem em fazendas, têm uma vida pacata, são alimentados pelos seus donos, circulam pelo campo, dormem em lugares que estão acostumados, grasnam para estranhos. Ou seja, têm uma vida simples e regrada, como todo animal domesticado.
No entanto, quando no céu passa um bando de patos selvagens, normalmente em formação de “V”, tudo se transforma. Eles correm apressados para todos os lados, grasnam alto e esganiçadamente, tentam voar e acompanhar os parentes distantes. A algazarra não dura muito tempo, o suficiente para que toda a formação selvagem tenha cruzado a abóbada celeste e desaparecido da visão dos patos domésticos.
A partir daí, os patos domésticos vão se acalmando, param de grasnar, vão procurar algo no chão para bicar e continuam a sua vida de patos domésticos.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Los Hermanos

Pois é. Mais uma vez, fiquei longe daqui por uns dias. Mas a gente vai voltando, mesmo que aos poucos, a gente vai voltando. Falamos aí desde futebol a comportamentos de jogadores de futebol. De cerveja e até de poesia. Mas música é recorrente. Syd Barrett, Jim Morrison, Paul McCartney. Mas ulimamente, tenho escutado uns caras que parece que vão melhorando com o tempo. Começaram meio roquinho com "Ana Júlia" (até o falecido Jimmy Capaldi gravou!), mas estão com um som maravilhoso e uma poesia surpreendente. Los Hermanos têm uma textura totalmente descolada daquilo que temos tentado ouvir na música brasileira. Ou têm tido. É o que podemos captar em "Ventura" e em "4", os dois mais recentes trabalhos da turma de barbudos. Algumas pérolas merecem ser ouvidas, como "O Vencedor", "O Velho e o Moço", "O Vento". Mas de "Ventura" o destaque mesmo é "Último Romance". A Valeriana já tinha dito que era maravilhosa. O Cristiano, que também é vocalista, reafirmou. De uma poesia fina, casada com uma melodia apaixonante e com um final com metais num arranjo quase cinematográfico, a música delata descaradamente quem está apaixonado. Além de tudo, o site da banda é simpático, com letras, cifras, vídeos, programações, etc. E mais: os fãs dos caras são quase religiosos. No clip "O Vencedor", a platéia num ginásio quase vai ao delírio orgástico. Os barbudos ganharam mais um fã.

quarta-feira, julho 12, 2006

Zidane, o semideus

Recebi este texto, concordei inteiramente com ele. No entanto, não sei quem é o jornalista que o escreveu e nem em qual publicação. Coloco-o aqui porque é um ponto de vista muito interessante, que eu e mais pessoas concordam. Quem souber quem é o autor, compartilhe.

O filósofo francês Bernard Henri-Levy afirmou que a agressão do meia Zinedine Zidane ao zagueiro Marco Materazzi, na final da Copa 2006, equivale ao que definiu como "o suicídio de um semideus". O tema foi abordado nesta terça-feira, em sua coluna no jornal norte-americano The Wall Street Journal.

"Zidane é um semi-deus que se transformou em ser humano com a cabeçada no adversário. Seu gesto equivale ao suicídio de um semideus. E continuará inexplicável para sempre como todos os suicídios", disse Henri-Levy.

Embora o próprio Materazzi reconheça que insultou Zidane ao longo da partida disputada no Estádio Olímpico de Berlim, o filósofo não atribui às ofensas o principal motivo para a atitude do atleta, que surpreendeu o mundo.

"A verdade é que talvez não seja fácil viver na pele de um ícone, de um semideus, de um herói, praticamente uma lenda. A única explicação é que ele teve que voltar a ser humano. Teve uma revolta interna contra essa idéia de transformar-se em uma lenda viva, uma estátua estúpida, o monumento beatificado que foi reverenciado nos últimos meses", explicou.

"Aquiles teve seu lado humano. Zidane também tem o dele. Essa cabeçada magnífica e rebelde que o trouxe de repente ao nível de seus outros irmãos humanos", completou Bernard Henri-Levy.

Syd Barrett

O cara sempre me pareceu obscuro, não o percebia muito no Pink Floyd, principalmente porque me acostumei mais aos álbuns que ele não participou. Mas sempre que ouço Wish You Were Here, acho que fizeram pra ele. Agora, dizem que ele se foi. Definitivamente, pois de certa forma, pra quem escutou os caras até a agulha furar o vinil, ele já tinha ido. Ficava imaginando: o que será que um cara como o Syd Barrett estaria fazendo agora? O que ele estaria fazendo, agora?

domingo, julho 09, 2006

Forza Azzurra

Como descendente, não poderia deixar de torcer para a Azzurra. E ganhar da França ainda deu um gostinho a mais que uma pizza marguerita. Um gostinho de vingança, meio sem graça porque não acho que foi a França que ganhou do Brasil. Foi a Seleção canarinho que perdeu de si própria, de sua falta de garra, de sua falta de atitude. A França foi apenas o instrumento. Por isso é um gostinho insosso. A Copa para a Itália tem um gosto mais marcante. Das pizzas aos tagliarini. Dos Chianti aos Barolo. À parentada italiana, tutti buona gente, minha alegria pela conquista. Viva Italia.

segunda-feira, julho 03, 2006

No Pere Lachaise

Pere Lachaise diz alguma coisa pra você? E 1971? Começava a década de 70, a magia dos anos 60 ainda fervilhava. O mundo ia ser melhor. Ou não. As portas da percepção podiam se abrir. Você aí que se esgüela cantando "Roadhouse Blues"... É você mesmo... Sabia que há exatos 35 anos o cara estava passando pelas portas de não sei aonde? Dia 3 de julho de 1971, Jim Morrisson era encontrado morto em uma banheira de um hotel parisiense, em circunstâncias nunca completamente esclarecidas. Tinha 27 anos, assim como Janis Joplin quando se foi. E Jimmy Hendrix. E Kurt Cobain. Só tinha 27 e fez aquilo tudo. Fez poesia que ao mesmo tempo era biscoito fino e paulada grossa. Fez música numa banda que não usava baixo! Botava tudo pra fora nos shows. Literalmente. Meio índio, meio Rimbaud, meio Rilke, meio doente, meio de outro mundo, meio marcado para não viver. Se estivesse vivo, em 8 de dezembro deste ano completaria 63 anos. É difícil imaginar o cara com 63! É difícil imaginar um séquito de fãs, a maioria adolescente, invadindo o cemitério Pere Lachaise, em Paris, para peregrinar no túmulo todo pichado do cara. Um dia, no London Pub, num intervalo de um show, botaram lá "Break On Through". A molecada de menos, muito menos de 20 esgüelava a letra, cantava a plenos pulmões! Depois tascaram "Roadhouse Blues". De novo, a moçada em coral! Fiquei pasmo! Depois fui me inteirar do assunto. A molecada não é boba. Sabe o que é bom. Por isso devem fazer peregrinação no Pere Lachaise. Vida longa a Jim Morrisson!

sábado, julho 01, 2006

Sem gana!

Uns dias atrás coloquei um post com o título "Com gana!". Agora não resisti e coloquei um com este título aí. Será que fiz mal? Será que ele não reflete o que foi o jogo contra a França? Havia dito no mesmo post que com dois Ronaldos a coisa ia. Dois Ronaldos na área. Mas, e a coisa? Que coisa? A gana, ora! Sem ela, não adianta uma dupla de Ronaldos. Poderia aqui dizer que o Kaká ficou esperando ajuda divina (ops... foi mal...). Poderia dizer que a mente de colonizado baixou nos jogadores que na Metrópole jogam. Poderia dizer que... O que mais? Vou dizer apenas que faltou postura de dono do jogo. Postura de não apenas se sentir, mas de realmente ser o último biscoito do pacote. Aquela de botar o nariz para cima, levantar a sobrancelha, estufar o peito, olhar feio para os caras e dizer, como dizia a pequena torcida brasileira em Frankfurt: "Eu/ Sou brasileiro/ Com muito orgulho/ Com muito amor."

sexta-feira, junho 30, 2006

Tedesco. Italienisch.

Poderia escrever aqui algo como não chores por mim, Argentina, ou todos caminhos levam a Roma, essas coisas deste tipo. Mas acontece que a Alemanha e a Itália mostraram o que são. "Pedreira!" Times que mostram resultados quando eles se tornam necessários. A Argentina até que jogou melhor, com os alemães parecendo jogadores de pebolim, ou totó: durinhos e certinhos. Mas na hora do resultado, os campeões de resultados, acostumados a construi-los nas empresas, nas escolas, no país, fizeram também na disputa de pênaltis. A Itália, que começou tropeçando, vai ficando cada vez melhor. Numa Copa, começou só empantando e foi campeã. Menno male. Agora é por ali. Uma Alemanha que nunca foi campeã (com ocidentais e orientais) e uma Itália sempre forte. Goethe, o alemão que adorava a Itália, iria gostar deste jogo.

quinta-feira, junho 29, 2006

Argentina, Alemanha

Muito já se falou sobre Argentina e Alemanha. Não! Não falo do jogo de amanhã... Falo dos alemães que fugiram da forra de Nuremberg e vieram aportar na Argentina. Curtiram bastante os subtrópicos, alguns aqui na América do Sul morreram tranquilamente, outros foram sequestrados pelos judeus para serem enviados de volta à Europa. Há aí uma relação de alguns alemães com alguns argentinos. Mas apenas alguns. Mas amanhã a relação será de todos os alemães e todos os argentinos. E que relação deverá ser! Fala-se que é uma subfinal e que os brasileiros estariam apenas esperando se alemães ou se argentinos virão. Mas virão. Será que podemos esperar? Estamos a postos? Seja quem seja, será um lutador apurado pela batalha "sangrenta" que se dará amanhã. Dois dos maiores, dois dos melhores. A dois jogos.

Com gana!

Bom... E agora, Ricardo? O que eu faria? Tirava quem? Sai esse ou aquele? Vou deixar essa para o Carlos. Mas Ronaldo é Ronaldo. Então, dois Ronaldos é melhor que um. Então, dois Ronaldos pra cima des les enfant terribles. E que Zidanne!

quinta-feira, junho 22, 2006

E agora, Carlos?

Será que o "fantasma" se foi? Mesmo gordo, Ronaldo mata mesmo. Ficou ainda plantado, quase uma sibipiruna velha, daquelas que tinha na Princesa Isabel, mas deixou seus dois. Mas, e agora, Carlos? Cadê o peito pra deixar o Cafu no banco? O que você vai falar para não escalar o Juninho Pernambucano? Em tempos de Copa, somos todos técnicos, mas apenas Carlos decidirá. E agora, Carlos?

domingo, junho 18, 2006

O cara

Todo mundo já vinha me falando que ele era "o cara". Que não dava para não ser ele, que era atualmente muito mais eficaz que qualquer outro. E aí o cara entra no jogo, já lá pela bacia das almas, praticamente apenas para dar uma molhadinha na camisa e fica de frente pro crime... e arremata a peleja. Em cinco minutos foi eficaz, como haviam me dito. O cara! Digam lá que não foi eficácia e sim sorte... Mas pelo menos Fred mostrou que tem estrela. E é isso que sempre fez a diferença para o cara que é... O cara.

sábado, junho 17, 2006

When I'm Sixty-Four

Como seria minha vida quando tivesse 64? Paul McCartney se fez esta pergunta ainda na adolescência, se imaginando com netos e chegando tarde em casa. A música que saiu no álbum fundamental Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, é uma homenagem ao pai, que fez 64 em 1966 e fala de uma realidade bem diferente da vida atual de Paul, pois neste domingo, dia 18 de junho, o cara faz 64. Está se separando da mulher e o que estaria ele pensando a respeito agora? O que é fazer 64 sendo um dos Beatles? O tempo passou, o tempo passa, o tempo passará. Como seria a minha vida quando tivesse 64?

Macchina

Estavam as italianas, mas também as alemãs. Uma ou outra francesa, mas muitas americanas. Inglesas e brasileiras também. Pretas, vermelhas, amarelas, azuis, pratas, cinzas e outras cores. Maravilhosas, exuberantes, esbanjando suas formas. Todas juntas num lugar maravilhoso chamado Barreiro, em Araxá. Ferraris, Lamborghinis, DeTomasos, BMWs, Mercedes, Porsches, Camaros, Mustangs, Dodges, RollsRoyces. E muito mais. Uma exposição de automóveis antigos para fazer ver como arte pode ser produzida sobre quatro rodas. Quem foi, não se arrependeu. Pena que é só de dois em dois anos.

sexta-feira, junho 16, 2006

Um seis

Outro dia foi 6/6/6. Passou em branco a não ser pelo lançamento do remake de "A Profecia". Mas hoje foi só um seis. Mas que seis!... Com folga! Poderia ter sido oito ou nove ou dez e estaria certo. Mas que seis!... Deu paúra? Os hermanos mostraram que não vão querer nem saber. Se lixaram se estavam jogando contra dois países ao mesmo tempo. Aliás, acho que sabendo disso, deram três para cada um. Então o placar foi: Argentina 3, Sérvia 0 e Argentina 3, Montenegro 0. É acho que fica melhor assim... E antes um seis do que três seis. Ao diabo!...

quarta-feira, junho 14, 2006

Da cozinha para a Copa

Não dava para ficar fora do assunto. Copa do Mundo! E bem agora que o Brasil ganhou mais ou menos da Croácia. Um colega leu na internet que a FIFA teria proibido o uniforme "toalha de cantina italiana" da Croácia. Contei em casa e todos se revoltaram. Coisa daqueles velhos decrépitos da FIFA!... Quando os onze deles entraram em campo vestidos de "toalha"... Perdi toda minha credibilidade! Mas veio a peleja. Quadrado mágico. O coelho teimava em botar as orelhas para fora da cartola antes da hora. Quatro vértices tem um quadrado. Me lembro bem. Dois vértices apenas formam só uma reta. Na frente, uma curva. Ou em curva. Está gordo! Não está gordo! Quase pediram o impeachement do Lula... E ele ainda achava que Ronaldo não estava gordo. Ronaldo teria ido à Copa diretamente da cozinha? Pode ser. Mas acho que tem algo a mais. Ronaldo já esteve mais gordo e já "matou" mesmo gordo. Seria uma nova tentativa do mesmo fantasma que o atacou na França em 98? Ronaldo é uma alma e tanto. É limpa, clara, diáfana. Vai ver é por isso que a isso está sujeita.

domingo, junho 11, 2006

Luis Nassif

Certo! Estou meio ausente mesmo daqui. Depois volto com mais capricho. Hoje venho aqui para indicar um blog. Além de jornalista do tipo que não fazem mais (é só olhar estas revistas semanais que temos hoje no Brasil. Uma delas, parei de ler em 1983 porque já na época, não dava mais...), Luís Nassif é um artista da palavra e merece ser lido deste ponto de vista. Visite o blog http://luisnassifonline.blog.uol.com.br

sábado, maio 27, 2006

Uma flor chamada tulipa

Sábado. 12h 45min. Bono diz que não tem medo de nada neste mundo em Stuck in a momemt you can't get out of. U2 vai mandando. Tem gente reclamando que o som está muito alto. Tem problema não. A tampinha salta fora num átimo. O gás carbônico, como um fantasma, observa o exterior da garrafa marron. A tulipa está ali. Esperando. Obsevando. O gargalo tomba. O líquido verte. Dourado. E branco. Mais dourado. Trocentas bolhinhas subindo, tal qual espermatozóides loucos. Óvulo. Espuma. O topo da borda da taça. A luz incidindo no dourado, fazendo dourada a toalha branca na mesa pelo sol de fim de Maio. Ao alto a taça, a tulipa. À saúde. De quem sabe que receberia o brinde.

quarta-feira, maio 17, 2006

Ainda sobre Outboys

No post Outboys, veja o comentário do Ricardo Lopes. Para você, caro amigo interiorano, as dicas do Mumu são de grande valia quando for a Sampa. Fica esperto!

Slow

Há algo de três anos li este texto abaixo e agora ele me caiu às mãos pelo Leonardo Moraes - me lembro que era assinado, mas esta versão está sem o nome do autor - e resolvi colocar aqui no blog. Na época, também estava nascendo um movimento nos EUA de pessoas que estavam dispensando o uso de cartões de crédito, reduzindo as ambições e preferindo deixar de ganhar US$25.000 por mês e ficar só - só, tá bom? - com US$18.000. As duas “filosofias” de vida tinham muito a ver e é para se pensar mesmo. Neste texto aí também tem um depoimento sobre a cabeça dos suecos. Os caras eram bárbaros! Acredita?


Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha na Volvo.

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:

  1. O país é do tamanho de São Paulo;
  2. O país tem 2 milhões de habitantes;
  3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões);
  4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
  5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários. Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar para vocês uma breve só para dar noção. A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: "Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final.”

Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?".

Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos.

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!: www.slowfood.com).

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar,saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele Representa como estilo de vida em que o americano endeusificou. A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia. A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser". Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas Americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%. Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor. Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura? Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos." - "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme. Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem, por igual! Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon: - "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"... Parabéns por ter lido até o final! Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado. Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas... Poderá ser tarde demais!

Saber aprender para sobreviver...


sábado, maio 06, 2006

Outboys

Marginal Pinheiros. Sexta-feira, véspera de feriado por volta das 14h. Com o carro parado na penúltima fila, chegando em Sampa. E os moto boys se comunicando com todos os interessados. Passam à toda naquele corredorzinho, buzinando, contando a todos que estão por aí. Afinal, quem se comunica melhor? Os outdoors à direita ou os moto boys à esquerda?