sábado, outubro 30, 2010

Horas rubras


Horas profundas,lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas…

Ouço as olaias rindo desgrenhadas…
Tombam astros em fogo, astros dementes.
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas…

Os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras…

Sou chama e neve branca misteriosa…
E sou talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Florbela Espanca

Um comentário:

Débora disse...

Poema lindíssimo. Ao ler o nome da autora, corri pro google em busca de informação, pois me era desconhecida. Qual não foi minha surpresa sabê-la autora do poema "Fanatismo", cantado por Fagner. É esse o sabor da vida: ver coisas novas a cada dia; aprender sempre.